Para quem é escritor, poeta, os tempos obscuros talvez inspirem a escrita cotidianamente. É sua maneira de guerrear.
Para quem foi ativista de si mesmo, buscando agora apenas sobreviver a si mesmo como um fósforo frio (grata, Mestre Pessoa), escrever é inerente a instantes de euforia ou de depressão profunda.
Estamos hoje no segundo caso. Não, não falo da depressão medicamentosa, a que tenho e cuido razoavelmente. Falo de algo mais grave, também causa da depressão médica, que é o mal estar no mundo.
Brasil, Chile, Equador, Argentina. A Sud America está arrebentada pelo Trumpismo. Não, não é teoria da conspiração anti-yankee, please! É a terrível constatação de que a geopolítica é muito mais avançada do que a geografia dos meus tempos de colégio, onde os mapas pareciam dizer que cada fronteira era, além de fisicamente delineada, também denotava um limite de respeito. Talvez por essa crença eu tenha demorado tanto a acordar.
Quando acordei, foi na margem do rio Tocantins, vivendo pela primeira vez a geopolítica “doméstica”. Daí para a frente foi um aprendizado rápido. Doloroso, mas ágil.
Temo pelo Brasil. Temo pela América Latina.