" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

06
Dez 05

Tenho que fazer a revisão de um texto desconexo.

A chatice de faze-lo me induz a imaginar que se eu tivesse sido o que queria - cantora de boate - talvez hoje estivesse indo dormir bem cedo pra enfrentar, na madrugada de amanhã, a fila do INSS, pra curar uma bronquite adquirida entre copos de gelo e cigarros. Muitos. Mas, teria cantado noites inteiras e ensaiado passos de dança cantando Sabor a mi, enquanto o garçom filósofo atenderia os velhos quase bêbados e as mulheres excessivamente pintadas, na sala enfumaçada.

 Sim, essa é a minha fantasia de boate, ou de  “bar da noite”, como cantava a Nora Nei:


“Bar, tristonho sindicato, de sócios da mesma dor,

bar, que é o refúgio barato dos fracassados do amor”


Ao mesmo tempo, essa fantasia que me acompanha desde a juventude, e que não se realizou, anda de mãos dadas com outras, que também não se realizaram: os sonhos de revolução, a idéia de um Brasil justo, a expectativa de um povo feliz.

Assim, cá estamos, eu com cinqüenta e seis anos e o Brasil com muitos mais, revisando um texto desconexo.

Vamos em frente.

Fui.

publicado por Adelina Braglia às 21:58

http://dizimos.blogs.sapo.pt/
Liebchan a 6 de Dezembro de 2005 às 22:50

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