Quando terminei o post anterior, alguma coisa passou a incomodar-me. Hoje, descobri o que era - além da vida - : plagiei Ferreira Gullar!
A intenção não era essa, tanto que esse seu poema praticamente abriu meu blog (01.08.2005). Mas, pra me redimir, repito o poema.
Traduzir-se
Uma parte de mim é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim é multidão:
outra parte estranheza e solidão.
Uma parte de mim pesa, pondera:
outra parte delira.
Uma parte de mim almoça e janta:
outra parte se espanta.
Uma parte de mim é permanente:
outra parte se sabe de repente.
Uma parte de mim é só vertigem:
outra parte, linguagem.
Traduzir uma parte na outra parte
que é uma questão de vida ou morte
será arte?