Eu não quero abraços mornos, prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />
sorrisos educados,
cordiais e formais apertos de mão.
Que se danem a civilidade e os bons costumes!
Que me deixem ser, de vez em quando,
irritadiça, mal humorada, comum.
Eu quero transpirar a agonia dos dias passando
sem que eu possa sorve-los, um a um,
como se comesse gomos de tangerina.
Eu não quero a mormacenta agonia das horas
gastas em coisas que me convenço tão importantes
quanto a mudança do mundo!
E nem quero aceitar que minhas horas gastas em fim tão nobre
me fazem ser mais ineficaz
quanto a sorridente vizinha ao lado
que é feliz, muito feliz,
comprando cheiro-verde à porta de casa!
Eu quero o abraço do pai,
a repreensão da mãe,
o colo da madrinha,
qualquer destas coisas que me devolvam o sentimento
de que comer chocolates
- ah! Mestre Pessoa
aliviava toda a dor.