Meu pai era filho de imigrantes italianos, pobres, substitutos da mão-de-obra escrava africana nas fazendas de café do interior de São Paulo. Foi criado pela avó e sua infância foi de uma pobreza mais do que franciscana. O pai era ateu. E isso fazia com que eu me perguntasse porque a festa de Páscoa na nossa casa tinha uma importância tão garnde. O almoço de Páscoa era preparado por ele e era farto, muito farto. Os ovos de Páscoa eram imprescindíveis, o vinho insubstituível.
Um dia resolvi perguntar a ele porque essa festa, para quem não acreditava em Cristo e menos ainda na sua possível ressurreição.
O pai então contou que quando tinha 7 anos, amanheceram, ele e sua avó, no domingo de Páscoa, sem nada para comer. A única coisa que havia era meio pão, duro e seco.Ele e a avó comeram o pão, e ele jurou pra si mesmo, nessa tenra idade, que um dia, quando tivesse filhos, a Páscoa seria a festa mais bonita do mundo. E que haveria muito pão, muito vinho e muitos chocolates.
O pai, enquanto viveu, cumpriu sua promessa.
E é com o desejo dele que eu também comemoro a Páscoa e desejo a vocês pão, vinho, amor e paz.