Hoje cedo, entre um alho fritando na panela e uma música tocando na rádio, achei que, sem modéstia, Tom Jobim já havia parcialmente me definido nos versos iniciais de “Lígia”.
Porque não gosto de chuva, nem de sol e menos ainda de praias quentes e plenas de areia.
Bares ou restaurantes cheios, música alta, pessoas querendo ser vistas e incapazes de se ver, são hoje para mim a pré-estréia do Inferno.
Distancio-me cada vez mais das pessoas, nas relações individuais, temendo ter o trabalho de me repaginar a cada encontro. Disto só não me sinto cobrada pelos irmãos e pelas velhas e adoráveis amigas.
Ao escrever isto agora descubro porque ando sendo tão assídua nos supermercados: ali se expõe o que quero e entro e saio, se quiser, sem dizer nada, salvo o cordial bom dia, boa tarde ou boa noite e o obrigada. Nada mais me é exigido.
Continuando a escrita, chamo a esses sentimentos de cansaço. Pensando melhor, defino-os como tédio. E, pensando mais um pouco, acho que a velha melancolia anda se aproveitando de mim, tão envolvida que ando nas minhas preocupações coletivas...rsrsrs...