Não tenho mais pena de mim, que as minhas penas já se espalharamm feito folhas na ventania.
Não tenho grandes raivas, salvo aquelas escondidas, que explodem quando menos se espera - e pelo motivo mais fútil.
Não tenho mais medo da morte do que tenho de uma vida sem cor, cheiro e sabor.
Tenho orgulho do que sou e do que construi e me orgulho também das pessoas que carrego presas ao meu rol de afetos.
Tenho esperanças vãs de que entre a ganancia e a barbárie ainda haja caminhos, mas não estarei aqui para cruzá-los de novo. Felizmente.
A mim compete agora apenas transmitir o que sei, no tempo que tenho e no ritmo que escolho. Mas, ainda trabalho muito e trafego entre a exatidão daquilo que não sei, a precisão das minhas certezas e uma enorme tolerância com a farsa alheia.
E ainda me envergonho profundamente quando uma criança de dois anos morre de verminose na cidade onde vivo.
Música, maestro!