“Não vá ainda, moça
de noite a estrada é um perigo.
O que não acontecia antes
agora parece castigo.”
Essa é a recomendação para quem vai de Anapú a Senador José Porfírio.
São indícios do “progresso” que as obras de Belo Monte trouxeram à região.
O lago vai se alastrar
empurrando pra longe a pobreza
trazendo nas ondas mansas
saudades e vil tristeza.
“Exemplos infelizes como a construção das usinas hidrelétricas de Tucuruí (PA) e Balbina (AM), as últimas construídas na Amazônia, nas décadas de 1970 e 1980, estão aí de prova. Desalojaram comunidades, inundaram enormes extensões de terra e destruíram a fauna e flora daquelas regiões. Balbina, a 146 quilômetros de Manaus, significou a inundação da reserva indígena Waimiri-Atroari, mortandade de peixes, escassez de alimentos e fome para as populações locais. A contrapartida, que era o abastecimento de energia elétrica da população local, não foi cumprida. O desastre foi tal que, em 1989, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), depois de analisar a situação do Rio Uatumã, onde a hidrelétrica fora construída, concluiu por sua morte biológica. Em Tucuruí não foi muito diferente. Quase dez mil famílias ficaram sem suas terras, entre indígenas e ribeirinhos” (instituto Socioambiental - ISA).
Associam-se os comandantes
mobilizam-se os pós-modernos
em torno de Belo Monte.
E abrem-se as portas do inferno.
“Em fevereiro de 2010, o governo brasileiro emitiu a chamada Licença Prévia (LP) que autoriza o leilão de Belo Monte. Além das empreiteiras já citadas, teve apoio do grupo francês GDF Suez; de importantes grupos eletro-intensivos e mineradores, como Votorantim, Vale e Alcoa; diversos empresários; governadores, prefeitos e parlamentares.” ... “O EIA/RIMA de Belo Monte foi elaborado pela Leme Engenharia, afiliada ao Grupo Tractebel Engineering, por sua vez vinculado ao grupo GDF Suez” (Belo Monte: doze questões sem respostas – Antonio Martins)
Mudem-se para outros lugares,
adquiram novos hábitos,
morem nas casinhas novas
esqueçam suas memórias.
Beijos.