Hoje a madrinha faria 100 anos! Deixou-nos antes disto, mas o principal ficou conosco: os exemplos de generosidade atávica, de amor à família, de compreensão das fragilidades, da necessidade de elogiar.
Nela, a fraternidade não era lema de bandeira: abria o portão e ofertava a comida. Para o “Peixe”, para a “Bonitinha”. Como se fosse isso natural como o nascer dos dias.
Na escadinha da cozinha, eu via o bife ser dividido entre todos e, milagrosamente, eles se multiplicarem na chegada de mais alguém.
Oferecia o colo e a repreensão com a naturalidade de quem ama. E ensinava que a vaidade era virtude e não pecado. A tintura nos cabelos era religiosa! E cantava, me ensinando que a música é companheira. E passeava pela casa sua majestosa aura, comprimida em metro e meio de mãe.
Saudades de você. Uma saudade doce, mansa, emocionada e feliz, de quem teve o privilégio de poder ser também sua filha.
Um beijo, Mamada. E uma canção pra você ouvir, onde estiver.