" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

02
Nov 09

 

Quando eu era criança o Dia de Finados era uma festa. Até os 9 ou 10 anos de idade, eu não percebia a tristeza do dia dos mortos.
 
Eu morava numa casa onde a rua, em ladeira, terminava no muro do cemitério São Paulo. Da janela do quarto da minha mãe eu avistava o cemitério todo florido, numa visão infantil muito semelhante à dos campos floridos do Mágico de Oz!
 
A casa da madrinha, em frente a minha, enchia-se de gente ao longo do dia. Ela, como boa matriarca, era a depositária do afeto e respeito da sua irmandade que visitava o túmulo da mãe no dia dos finados e depois, inevitavelmente, todos passavam pela sua casa, para tomar café, conversar. Uma irmã ou irmão esperava pelo outro e rapidamente a casa enchia, inclusive com as crianças que acompanhavam os pais na visita ao túmulo da avó.
 
Pronto! Para mim, a festa era completa. Flores à vista da janela, tias e tios e primos enchendo a casa da madrinha. Café, bolo, muita conversa e jamais percebi na infância que as pessoas e as conversas  tinham um tom de saudades ou de tristeza.
 
A real percepção da tristeza e da saudade veio muitos anos depois, com a morte do meu pai, ainda que eu tivesse descoberto mais cedo que a data não era festiva..rsrsrs...  No primeiro dia de finados após a morte dele, fui ao cemitério. Nada parecia fazer sentido. E não fazia mesmo. Ali, sob aquela pequena imitação de capela, nada havia que lembrasse meu pai, salvo uma foto amarelecida pelo sol emoldurada em louça. Nunca mais fui ao cemitério em dia de finados, nem quando a mãe morreu poucos anos depois.
 
Hoje, ao acordar, lembrei disto tudo. E após tantas perdas acumuladas ao longo da vida, prefiro ainda  lembrar o Dia de Finados da minha infância. Acho que meus mortos também.

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 09:27

Querida, tivemos a mesma lembrança hoje. Na minha infancia o dia de Finados era dia de festa, pois a familia se reunia em minha casa, como voce bem lembrou. O tempo passou e hoje só resta a lembrança e muito mais a saudade, não só dos que se foram, mas saudade dos que ainda estão aqui, mas a vida não deixa que nós nos encontremos como gostariamos.
Estou ansiosa para saber quando será s sua volta para ficar perto de nós.
Beijos
sua irmã que te ama muito!
Cleide a 2 de Novembro de 2009 às 18:57

Querida,

espero passar o Natal já ai, com vocês.

beijos.
Adelina Braglia a 3 de Novembro de 2009 às 01:22

Olá...boa noite...uma linda noite pra vc.
Passando pra deixar um beijão e dizer que sinto muita saudade de vc...saudade que mato um pouquinho lendo seus posts.
Majju a 3 de Novembro de 2009 às 00:37

Ah! Você tem um blog!
Genial!
Já listei aí ao lado...Pensamentos da prima...rsrsrs...

Beijão
Adelina Braglia a 3 de Novembro de 2009 às 01:26

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