Meu interesse por blogs começou por acidente. Uma pesquisa na NET, em meados de março de 2005, me levou a tropeçar num blog e nele acabei mergulhando. Naquela noite e nos dias que seguiram. Aliás, afogo-me até hoje na beleza das fotos, das telas, dos poemas e dos textos do antigo samartaime, hoje abracadabra. Depois disto, quis fazer o meu, tendo sido orientada que isto era uma tarefa árdua. Não o fato de fazer um blog, mas o compromisso de escrever regularmente.
Confesso que achei, à época, a recomendação um pouco exagerada. Afinal parecia relativamente simples fazer um blog, o que para mim não era muito diferente do fazer diários na adolescência, aqueles que tinham capa dura o meu era azul com uma chavezinha, para proteger a intimidade dos olhares curiosos. Esta proteção, no meu caso, foi quebrada pela minha mãe, que não precisou arrombar o delicado cadeado, pois, prenunciando o desligamento que me acompanha até hoje, um dia esqueci o diário aberto e ela o leu!
Caramba! Lembro que no dia seguinte aos seus comentários eu piquei o diário em pedacinhos, e não quis mais fazer outro. E que chorei de raiva noites a fio, pela quebra de privacidade, coisa que eu acreditava quase sagrada! Depois, voltei a escrever.
Muitas vezes, ao longo da vida, cometi versos, copiei poemas, letras de música ou frases soltas que tinham significado especial e as agregava em cadernos e depois, "modernamente", em arquivos de computador, dando às pastas, organizadamente, os rótulos que indicavam seus conteúdos: músicas, poemas, epígrafes, e, é claro, a famosa pasta "diversos"!
Em 1994, voltei a escrever quase diariamente, para resgatar sentimentos, fatos e cenas que pareciam querer se perder para sempre no redemoinho da minha memória.
Estas experiências anteriores, no entanto, pouco se parecem com o compromisso - e a ansiedade - que dá a feitura de um blog. Com ele tenho um envolvimento tão grande que, mesmo quando chego cansada, necessito escrever um bocadinho nele, ou ao menos, publicar uma foto. Há dias, é verdade, em que nada disso eu realizo, por falta de tempo, paciência ou assunto, mas fica um ligeiro incomodo de ter falhado e cá venho eu, nem que seja para espiá-lo um bocadinho.
Fazer um blog, para mim, é um exercício - aparentemente - contraditório, entre a arrogância e a humildade. Arrogância porque me suponho interessante e me largo a comentar a pátria, o circo e a fome! Humildade porque quando exponho meus medos, rancores, desejos, alegrias e frustrações, se penso em censura-los, não o faço, mesmo temendo ter sido piegas, exibida ou idiota, publicamente. Ou será que isto é só uma forma sofisticada de ser arrogante?
Eu faço o blog como faço minhas sessões de psicanálise e esta tela é o meu divã. Penso ainda que faço o blog porque busco, de várias formas, o alívio para o mal estar de estar no mundo e, de alguma forma, o blog funciona para provar-me que consigo dividir o espaço do sótão (ou porão) da minha cabeça entre os meus fantasmas, a realidade e os meus imutáveis desejos. Imutáveis, porque permaneceram desejos por não terem se realizado.
Divirto-me também, é claro, fazendo um blog. Mas, mais do que isto, purgo-me da minha mansa loucura.
Fui. Dormir, que ninguém é de ferro!