Uma casa não é uma casa se não for a caixa em que nos guardamos.
Como um envelope flip-top.
Às vezes uma caixa parda.
Noutras com laços de fitas.
Mas a casa não é uma casa se não for um casulo.
E como boa caixa, deve sempre ter tampas.
E muitas vezes, é necessário fechar-se nela.
Fechar as janelas para as notícias,
os ouvidos para os telefonemas,
e para as palmas dos pedintes à porta.
Sim. Os pedintes.
Na rua onde ancoro minha caixa,
eles proliferam como formigas no açúcar.
Porque não cabem nas suas caixas.
Ou não as têm.
Ou porque a miséria e a tristeza ocupam na caixa o lugar que deveria ser deles.
O Presidente bem que poderia mudar o nome do seu mais recente programa social:
Minha caixa, minha vida. E que fosse, como são as caixas, portátil.