" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

22
Jan 09

 

Quem sabe um pão caseiro e um chá de cidreira, quentinhos, pudessem amainar o mal estar. Acompanhariam uma conversa sobre todas as nossas boas possibilidades de virarmos uma nação e a previsão de um futuro feliz para os filhos, irmãos e amigos queridos, entremeadas por lembranças, risadas e afagos.
 
Quem sabe, talvez, se nos afogasse aquele mar de esperanças que cercou a posse de Obama, composto por rostos negros, velhos emocionados e crianças sorridentes? Se tivéssemos no coração um tiquinho de “volver América”, o pão e o chá, quem sabe, se fizessem desnecessários.
 
Quem sabe se eu deixar de ler e ouvir noticiários? Navegar apenas nos sites de música e poesia! Hum!?!?!? Parece bem, assim. Leria apenas os poemas de amor de Neruda, excluídos os de amor ao Chile. Lorca eu deixaria de lado, pois aquele galego só pensava em liberdade! Leria Vinícius, pulando o Pátria Minha. Alguns “nacionais” seriam riscados da coletânea: Geir Campos, nunca mais.
 
Músicas. Difícil. Há canções cuja letra seca pode dizer nada, mas a entonação do intérprete nos leva a mil viagens. Necessitariam de uma rígida censura. Declaro, porém, que não ouviria nada cantado pelo Raulzito, Tim ou Cássia Eller, transgressores por natureza. Ouví-los, ainda que cantando a-galinha-do-vizinho-bota-ovo-amarelinho, faria mal a essa determinação de estar bem no mundo.
 
Esqueceria os números que sei de cor. Nada de proporção de analfabetos pretos e pardos, salários pagos às mulheres negras, índice de evasão escolar na faixa de 15 a 17 anos, ou indicadores de causa de morte nesse mesmo segmento.
 
Seria preciso um  esforço para  não sair de casa. Na rua é impossível não ver as crianças abandonadas, os adolescentes sem futuro, os adultos desamparados e os velhos sem esperanças.
 
Quem sabe, sem nada disso, seja possível, ainda assim, sentir-me melhor se fizer coisas simples como:
 
1 – não ouvir o Presidente Lula;
2- falar mais vezes com os irmãos, sempre que a saudade superar o nível do suportável;
3  - não dar audiência para o Jô e seu pedantismo de falsete;
4 – continuar a desmentir o William Bonner, nas poucas vezes em que assisto o Jornal Nacional;
5 - continuar a achar o William Waack um ótimo apresentador, mas jamais ouvir o “new patriota” Arnaldo Jabor
6 -  lembrar sempre do filme a “A família Savage”;
7 - tomar mais vinho
8 – fazer um poster desta “micagem” da Bia. 
 
 
 
 
publicado por Adelina Braglia às 02:22

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