O senhor foi embora,
a senhora vai embora.
Vamos embora, camaradas,
raiando aurora, camaradas.
Ah, o trilho do trem...
a ditadura acabou com ele, por aqui,
e o palmito e a madeira
acabaram com as vacas chamadas pelo nome
e o pé de limão e a tigela de bacaba
(quem ouve falar, mais?)
e o milho comido no pé, cru, doce e líquido.
Nós, os que aqui nascemos,
já não nos conhecemos mais.
Somos espantalhos
postos nos campos que vendemos
para protegê-los de nós mesmos...
Adeus, senhor, adeus, senhora.
A Deus.
(Ana Diniz)