Quando retornei ao Pará em 1996, depois de 4 anos de volta a São Paulo, tive a exata sensação de que as diferenças ditas “regionais” haviam se agravado, naquele curto espaço de tempo que passara fora daqui, mas que correspondia ao danoso Governo Collor. E isso não era pouca coisa nem ilusão de ótica. Aquele danoso governo provocou a aceleração dos contraditórios. E os que o sucederam mantiveram a bússola nesse estranho norte da subordinação. Intraregional e internacional.
A frase que dá título a este post é a que remete ao que escrevi em agosto de 1996: o fosso havia se alargado a ponto de nunca mais conseguirmos ser uma nação. Seríamos o que somos: uma federação de retalhos, onde para alguns a luta é pela cidadania plena e para outros a lenta caminhada pela compreensão de direitos, o que não é a mesma coisa.
Começo 2009 como uma contagem regressiva da volta para a casa, no final deste ano. Uma volta que mais se parece com o antigo ditado ou a lenda sobre os elefantes: o ditado diz que quando se envelhece, se busca o lugar onde nosso umbigo foi enterrado. A lenda é sobre a necessidade dos elefantes buscarem um lugar para morrer. Junto dos seus.
Não há nada de trágico ou dramático neste escrevinhar. O Pará foi a terra onde escolhi viver. São Paulo é a terra que escolho para morrer – e até lá, viver em paz - se a natureza ou o infortúnio não atrapalharem minha programação...rsrsrs...
Quanto ao fosso, alarga-se cada vez mais. Com a valiosa contribuição do governo local: medíocre, subordinando o bem comum a interesses infames de grupelhos e compadrios, alvo de deboches e piadas nem sempre passíveis de serem contadas na sala de jantar. Um governo mentiroso, que não cumpre compromissos e metas. Um governo que desqualificou totalmente a esperança que vendeu ao eleger-se. Um governo marcado por slogans sobre a defesa e a garantia de direitos, manchado por fatos que desmentiram totalmente essa intenção. Um governo que serve a apenas um senhor: a si mesmo.
Assim, vamos lá: não me despeço do Pará acabrunhada.
2009 promete.