Eu não gosto das explícitas manifestações públicas de amor, euforia, dor.
Sentimentos são mais bem expressos na intimidade.
Não gosto de batizados, velórios, casamentos, chás-de-qualquer-coisa
e, ultimamente, também não gosto de aniversários.
Não gosto de comer sozinha e detesto barulhos que não condizem com o que pretendo naquele momento. Nestes momentos, até as músicas que gosto às vezes incomodam, se não são elas minha intenção.
Não gosto de ajuntamentos, multidões. Mais de quatro é comício
e há muito detesto comícios.
Há alguns anos chamaria tudo isso de mau humor.
Hoje chamo de direito adquirido.
Gosto de poucas pessoas e delas sinto falta, ainda que não me esforce mais para tê-las perto. Gosto mais de comer em boa companhia, do que de comer boa comida.
Gosto de música e poemas, mas cada vez gosto menos dos “modernos”,
exceção feita a Geraldo Carneiro, poeta e letrista e a Arnaldo Antunes, idem.
Gosto muito de cinema, mas quase não encaixo mais esse prazer
no tempo desperdiçado com as coisas que não gosto.
PS:
Se eu me conhecesse hoje, me acharia uma chata.
Mas, me conhecendo há tanto tempo, considero-me, justificadamente, seletiva.