Só por hoje, não me estenda a mão, não perca o gesto.
Distribui o seu abraço.
Não gaste o coração,
porque meus olhos,
meus ouvidos,
meus sete sentidos
estão tão dispersos
que não vêem
nem sentem seus esforços.
Aguarda um tempo e depois,
como no samba do Chico,
bota a roupa de domingo
se quiser me esquecer.
Dorme, amor,
que eu sou um pesadelo agora.
Sou uma sensação ruim do muro que ruiu
e da ponte que se lançou para o nada.
Sou um bicho estranho num país que jamais será uma nação,
bato-me de um lado a outro nas pontas das pirâmides invertidas.
Mas, amanhã tudo se recompõe.
Como o sol e a chuva deste “inverno” de Belém.