Silêncios temporários, mas cheios de ruídos novos, onde couberam um novo trabalho, uma nova casa e flores na varanda desacostumando-me daquele início de aposentadoria ao qual eu já até que bem me acostumava.
Um tempo não muito curto para repor desejos e vontades pessoais na prateleira e substituí-los, temporariamente, por aprendizados novos e revisão de antigos saberes.
Estantes coloridas substituíram as caixas prontas para a partida que acabou em “ficada”. Tal qual Pedro I, disse ao povo que ficava, embora o povo nada me perguntasse.
Acordo bem todas as manhãs, se é que se pode dizer isto com uma hérnia de disco perturbando a disposição. Mas, acordo de bem com a vida, é isso que quis dizer.
Sobrevivente e privilegiada, posso escolher de que forma quero fazer parte do meu tempo. E as jardineiras na varanda anunciam todas as manhãs que a vida precisa ter cheiro, cor e sabor. Apenas uma saudade dos que ficaram ainda longe sussurra aqui na orelha direita um pedido de desculpas. Mas, pra eles, pra vocês e pra mim, uma canção neste recomeço: