Há um canto de envelhecer. Canto, lugar, espaço. Não uma canção.
Há prateleiras da memória que precisam de um chão especial para serem assentadas. A memória nem sempre é só o que se carrega nas lembranças. Parte dela se compõe de alguns livros, alguns discos, fotografias. Uma ou duas bonecas criolas. E um computador, moderno diário das lembranças cronologicamente anotadas.
No canto de envelhecer tem que caber os irmãos e os amigos. Um quartinho, portanto, é muita pobreza! É preciso espaço, onde algumas cadeiras confortáveis abrigarão conversas dias afora.
Se for possível, um pequeno jardim, com rosas-menina e margaridas. Uma pequena mesa para o café e algumas guloseimas. E cinzeiros. Para a Bit, café só até quatro da tarde, eu sei. Guloseimas, sem hora certa!
Uma manhã de abril, uma tarde de maio, noites lindas de junho. O vento de agosto, a florada de setembro. Pulo o calor de dezembro. E lá vem janeiro, cidade menor, quase do tamanho certo. Um passeio nas livrarias, uma olhada na programação dos cinemas. Um cantor novo, um compositor fora da mídia.
No inverno, a pizza pedida pelo telefone. O vinho que já estava guardado, esperando ocasião.
Um canto com nome: São Paulo. Falta pouco.