As transformações no Complexo do Alemão começaram a ocorrer depois da operação policial de junho de 2007, quando articulações começaram a ser feitas para evitar novos traumas no local que é considerado o QG do Comando Vermelho no Rio. Entusiasmado com a visita que havia feito em março do mesmo ano a Medellín, o governador Sérgio Cabral (PMDB) definiu que o Alemão receberia teleféricos semelhantes aos colombianos. Engenheiros passaram a viajar para aprender na Colômbia a tecnologia e a operação desse meio de transporte.
Para que as obras andassem, no entanto, assim como em Medellín, era preciso contar com a pacificação dos conflitos na região. Um fato importante ocorrido em novembro de 2007 facilitou o processo. O Morro do Adeus, que vai dar lugar a outra estação de teleférico e era dominado pelos traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP), foi tomado pelo Comando Vermelho, que assumiu o controle do Alemão. Como na cidade colombiana, a hegemonia de uma facção arrefeceu a violência.
"Cheguei a temer que a rivalidade entre as facções pudesse tornar inviável o funcionamento do teleférico, já que o transporte cruzaria um território dividido", diz Wagner Nicacio, o Bororó, líder comunitário da Grota, uma das comunidades do Alemão. "Agora que só uma facção comanda os morros, a situação acalmou. Nunca vivemos período tão tranquilo."