A “ditabranda” da Folha de São Paulo comemora seu aniversário hoje.
Eu não comemoro.
Relembro o assassinato e o desaparecimento de brasileiros.
Como a do meu amigo.
José Montenegro de Lima!
Presente!
A “ditabranda” da Folha de São Paulo comemora seu aniversário hoje.
Eu não comemoro.
Relembro o assassinato e o desaparecimento de brasileiros.
Como a do meu amigo.
José Montenegro de Lima!
Presente!
Em 28 de março de 1941, Virgínia Woolf encheu de pedras os bolsos do seu casaco e mergulhou no rio Ouse. Punha fim à angustiante convivência consigo, reconhecendo que nem o amor incondicional era capaz de mante-la atada à vida.
Quando eu tinha dezoito anos, descobri que Virgínia chamava-se Adeline Virginia Stephen Woolf. Adelina, como minha avó paterna e eu. O primeiro livro dela que li foi Orlando. Ao invés de interessar-me pelo tema que gerara o livro, lembro que fiquei fascinada pela Turquia! À época, não percebia o amor dela por Vita-Sackville West, que só fui entender anos depois, quando li “Retratos de um casamento”, livro de Nigel Nicholson, filho de Vita. Li Orlando apenas como uma maravilhosa fábula que discutia o papel restrito da mulher em Londres, no período em que foi escrito. Oh! Céus!
Virgínia Woolf foi minha primeira percepção de que há pessoas em quem a camisa de força da vida não cabe, e, às vezes, é insuportável. E que a única coisa que nos mantém vivos é a nossa capacidade de resistir à angústia, tenha ela a forma que tiver. E a perseverança de viver, enquanto queremos. E, se é isso que queremos.
24 de março de 2010
Para fugir de novas confusões, o atacante Vagner Love deve participar cada vez menos das festas da Favela da Rocinha, na zona sul do Rio. O jogador do Flamengo, que aparece em um vídeo gravado na comunidade sendo escoltado por traficantes armados com fuzis, disse ontem à polícia que não tem qualquer relação com os criminosos e que vai evitar participar dos bailes no local.
Love foi convidado pelos investigadores da 15ª Delegacia de Polícia a prestar esclarecimentos como testemunha de um inquérito que apura os crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e porte ilegal de armas na comunidade.
O atacante também negou que tenha recebido proteção de traficantes, mas admitiu que a presença dele ao lado de bandidos armados “não é uma coisa positiva. Estou arrependido”.
Vagner Love está confirmado na partida do Flamengo contra o Tigre, às 19h30 de hoje, no Engenhão, pelo Campeonato Carioca.
Alvo de pressões espúrias, da imprensa e dos lídimos representantes da “sociedade” o jogador do Flamengo, Vagner Love, acabou declarando que deixará de freqüentar e de conviver com sua família e com seus amigos.
Vagner assume assim uma culpa que jamais teve. A culpa de ser brasileiro, negro, pobre, morador da favela, que ascendeu “socialmente” e agora deve incorporar o cinismo e a hipocrisia reinantes nesse país e renunciar à convivência com os seus. Como Vagner não nasceu em Ipanema ou nos Jardins, em São Paulo, onde poderia privar da saudável convivência com filhos de juízes e de políticos, além de decidir, sob pressão, a evitar a convivência com a sua gente, o jogador também está convocado a prestar esclarecimentos à polícia, após ser filmado em um baile funk na Rocinha “escoltado” por traficantes da favela.
Não resisto à pergunta: quantos mais serão convocados a prestar esclarecimentos à polícia - ainda que não tenham sido filmados - por suas ligações públicas e notórias com traficantes, corruptos e responsáveis pelo desvio de dinheiro público?
Ou isso não é um péssimo exemplo para a juventude?
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
(Com licença poética - Adélia Prado)
Johnny Alf morreu hoje, aos 80 anos, depois de lutar bravamente contra um cancer.
Um silêncio surdo se fez na memória de um feliz pedaço da minha juventude.