Uma pausa, longa. Longa o suficiente para desopilar a “bode” de Internet, usada nas últimas semanas mais para trabalhar do que para divertir.
Um retorno vagaroso, como retorna quem já não tem muita certeza se quer alimentar essa veia...rsrsrs...
Nesta ausência, depois de tanto “anúncio”, passou “batido” o Dia Nacional da Consciência Negra. Pena. Deveria ter, pelo menos, preparado o texto com o qual havia pensado em celebrar o Dia. Mas, fica para outro dia.
A cidade de Belém parece cada vez mais abandonada e entregue à barbárie. Barbárie institucional, pública e privada. Nada melhora. Nada.
Andar pelas ruas de uma Belém sem norte – sem ironia – é um desagradável constatar de desmandos, de dribles na lei. Dos grandes e dos pequenos.
A conclusão recente – de três ou quatro anos – de que o homem jamais foi bom e que só a sociedade é capaz de conte-lo se fortalece cada vez mais. E que quando não há normas, as regras são fluidas, os parãmetros escorregadios, inventamos o transtempo da barbárie. Chegamos a alguma coisa que não sei definir.
Fica proibido o canivete
em aula, no recreio, em qualquer parte
pois num país civilizado
entre estudantes civilizadíssimos,
a nata do Brasil,
o canivete é mesmo indesculpável.
Recolham-se pois os canivetes
sob a guarda do irmão da Portaria.
Fica permitido o canivete
nos passeios à chácara
para cortar algum cipó
descascar laranja
e outros fins de rural necessidade.
Restituam-se pois os canivetes
a seus proprietários
com obrigação de serem recolhidos
na volta do passeio, e tenho dito.
Só que na volta do passeio
verificou-se com surpresa:
no matinho ralo da chácara
todos os canivetes tinham sumido.
(Somem canivetes – Carlos Drummond de Andrade)