" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

26
Nov 09

 

Uma pausa, longa. Longa o suficiente para desopilar a “bode” de Internet, usada nas últimas semanas mais para trabalhar do que para divertir.
 
Um retorno vagaroso, como retorna quem já não tem muita certeza se quer alimentar essa veia...rsrsrs...
 
Nesta ausência, depois de tanto “anúncio”, passou “batido” o Dia Nacional da Consciência Negra. Pena. Deveria ter, pelo menos, preparado o texto com o qual havia pensado em celebrar o Dia. Mas, fica para outro dia.
 
A cidade de Belém parece cada vez mais abandonada e entregue à barbárie.  Barbárie institucional, pública e privada. Nada melhora. Nada.
 
Andar pelas ruas de uma Belém sem norte – sem ironia – é um desagradável constatar de desmandos, de dribles na lei. Dos grandes e dos pequenos.
 
A conclusão recente – de três ou quatro anos – de que o homem jamais foi bom e que só a sociedade é capaz de conte-lo se fortalece cada vez mais. E que quando não há normas, as regras são fluidas, os parãmetros escorregadios, inventamos o transtempo da barbárie. Chegamos a alguma coisa que não sei definir.
 


Fica proibido o canivete
em aula, no recreio, em qualquer parte
pois num país civilizado
entre estudantes civilizadíssimos,
a nata do Brasil,
o canivete é mesmo indesculpável.
Recolham-se pois os canivetes
sob a guarda do irmão da Portaria.
Fica permitido o canivete
nos passeios à chácara
para cortar algum cipó
descascar laranja
e outros fins de rural necessidade.
Restituam-se pois os canivetes
a seus proprietários
com obrigação de serem recolhidos
na volta do passeio, e tenho dito.
Só que na volta do passeio
verificou-se com surpresa:
no matinho ralo da chácara
todos os canivetes tinham sumido.
 
(Somem canivetes – Carlos Drummond de Andrade)
publicado por Adelina Braglia às 14:37

14
Nov 09

... Dia Nacional da Consciência Negra!

 

Como anda a consciência branca?

 

 

 

No Distrito Federal:“a taxa de homicídios do grupo de jovens entre 18 a 24 anos é de 257,3 homicídios por 100 mil habitantes, quase 10 vezes a taxa geral brasileira e três vezes a dos brancos com mesma idade, sexo e escolaridade - 79,3” (IPEA, 2006)
 
 
“60% dos jovens da periferia sem antecedentes criminais já sofreram violência policial. A cada 4 pessoas mortas pela polícia, 3 são negras. Nas universidades brasileiras apenas 2% dos alunos são negros. A cada 4 horas um jovem negro morre violentamente em São Paulo. Aqui quem fala é primo preto, mais um sobrevivente.” (Racionais MC)

 

publicado por Adelina Braglia às 18:10

03
Nov 09

 

Quem sabe foi algum sonho do qual não lembro ou mera ressaca do Dia de Finados, mas acordei com saudades da mãe.

 

 
 
 
Há muito tempo, sim, que não te escrevo.
Ficaram velhas todas as notícias.
Eu mesmo envelheci: Olha, em relevo,
estes sinais em mim, não das carícias

(tão leves) que fazias no meu rosto:
são golpes, são espinhos, são lembranças
da vida a teu menino, que ao sol-posto
perde a sabedoria das crianças.

A falta que me fazes não é tanto
à hora de dormir, quando dizias
“Deus te abençoe”, e a noite abria em sonho.

É quando, ao despertar, revejo a um canto
a noite acumulada de meus dias,
e sinto que estou vivo, e que não sonho.
 
(Carlos Drummond de Andrade)
publicado por Adelina Braglia às 06:43

02
Nov 09

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 22:11

 

 

 

Xeretando meu arquivo de fotos no sapo, descubro que a foto abaixo recebeu...1.058 visitas!


Caramba! Parece que o que é trivial pra gente, não o é para os demais...rsrsrs...

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 14:23

 

Adequando a charge antiga do Millôr à atualidade das decisões sobre o Código Florestal...

 

 

 

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 14:12

 

Quando o cacique Almir Surui acessou o Google Earth pela primeira vez, em um cibercafé, fez aquilo que quase todos fazemos: procurou sua própria casa. No caso, a reserva indígena 7 de Setembro, que ocupa cerca de 250 mil hectares entre os Estados de Rondônia e Mato Grosso; é lá onde vive a tribo que lidera, os Pater Surui. Espantou-se, de cara, com o que via na tela. Onde foram parar todas as árvores?


Apesar de já há anos lutar contra as madeireiras ilegais da região, a visão de cima o chocou. Só via a mancha marrom do desmatamento, que, no ano passado, comeu da Amazônia o equivalente à metade do território do Estado de Sergipe.

Com o susto, porém, veio a ideia. “Senti que estava em um mundo novo, que podia transmitir a consciência do meu povo para todos. Aquela tecnologia, que leva você de um canto para outro sem sair do lugar, reduzia dias de caminhada a apenas alguns segundos. Era algo diferente. Fazia sonhar e planejar ações”, conta o cacique, fascinado, em entrevista ao Link.


E Almir sonhou alto, mesmo. Depois de se articular com a ONG Equipe de Conservação da Amazônia (ACT), decidiu que iria para São Francisco, nos Estados Unidos, e procuraria o Google. Queria mostrar ao mundo, por meio da web, o descaso do poder público com a preservação das terras indígenas e da Amazônia. E não é que a empresa comprou o projeto?

 

 

(Matéria e sugestão de vídeo do Estadão)

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 10:32

 

Quando eu era criança o Dia de Finados era uma festa. Até os 9 ou 10 anos de idade, eu não percebia a tristeza do dia dos mortos.
 
Eu morava numa casa onde a rua, em ladeira, terminava no muro do cemitério São Paulo. Da janela do quarto da minha mãe eu avistava o cemitério todo florido, numa visão infantil muito semelhante à dos campos floridos do Mágico de Oz!
 
A casa da madrinha, em frente a minha, enchia-se de gente ao longo do dia. Ela, como boa matriarca, era a depositária do afeto e respeito da sua irmandade que visitava o túmulo da mãe no dia dos finados e depois, inevitavelmente, todos passavam pela sua casa, para tomar café, conversar. Uma irmã ou irmão esperava pelo outro e rapidamente a casa enchia, inclusive com as crianças que acompanhavam os pais na visita ao túmulo da avó.
 
Pronto! Para mim, a festa era completa. Flores à vista da janela, tias e tios e primos enchendo a casa da madrinha. Café, bolo, muita conversa e jamais percebi na infância que as pessoas e as conversas  tinham um tom de saudades ou de tristeza.
 
A real percepção da tristeza e da saudade veio muitos anos depois, com a morte do meu pai, ainda que eu tivesse descoberto mais cedo que a data não era festiva..rsrsrs...  No primeiro dia de finados após a morte dele, fui ao cemitério. Nada parecia fazer sentido. E não fazia mesmo. Ali, sob aquela pequena imitação de capela, nada havia que lembrasse meu pai, salvo uma foto amarelecida pelo sol emoldurada em louça. Nunca mais fui ao cemitério em dia de finados, nem quando a mãe morreu poucos anos depois.
 
Hoje, ao acordar, lembrei disto tudo. E após tantas perdas acumuladas ao longo da vida, prefiro ainda  lembrar o Dia de Finados da minha infância. Acho que meus mortos também.

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 09:27

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