" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

09
Ago 09

 

TelaVIVE


 

Es un crimen contra los homosexuales y lesbianas pero también contra todos aquellos que defienden la libertad y tolerancia. Si se confirma que el asesino es un homófobo, algunos deben hacer una reflexión personal por sus declaraciones intolerantes - Dana Omert, hija del ex primer ministro.


 

Não esqueçamos, foi um crime de ódio - uma violação clara dos Direitos Humanos. Cada tiro disparado naquela sala, com o desfecho mortal de 2 jovens e outros 15 feridos, foi um tiro em cada um de nós - mas também um hediondo ataque às nossas famílias, a todas sem excepção, nomeadamente aquelas que ainda não são vistas na lei como tal e que por isso são/estão fragilizadas perante a Sociedade.

A reunião de jovens LGBT em Telavive - idêntica às reuniões da rede ex aequo - teve, infelizmente, um desfecho dramático. Pergunto-me se as pessoas na sua generalidade saberão quais os objectivos dessas mesmas reuniões de jovens. Pergunto-me se saberão que estas associações têm como objectivo trabalhar no apoio à juventude lésbica, gay, bissexual ou transgénera e na mudança das mentalidades em relação às questões da orientação sexual e identidade de género. Mais, que implicações e problemáticas têm as vidas de muitos jovens LGBT e como são concretamente percepcionadas: seja a consciência sobre si mesmo, a família, os amigos, a escola, o trabalho e não esquecer também a problemática do abuso de substâncias (onde se encontram as perturbações alimentares e auto-mutilação) e ideação de suicídio.

Um grupo de jovens LGBT não deverá ser nunca equiparado a uma reunião de Escuteiros e não pretendo classificar de forma hierárquica, porque não são equiparáveis, mas pretendo sensibilizar para uma questão tão simples quão esta: Muitas famílias não têm qualquer conhecimento da presença dos seus jovens em reuniões, como, por exemplo, a rede ex aequo e o mesmo não poderá ser dito em relação aos Escuteiros - e referi-me apenas a este grupo a título de exemplo...

No sábado à noite, depois do massacre, muitos famílias não faziam ideia que os seus jovens se encontravam no Hospital e esta lacuna nas nossas famílias não existe por acaso, tem um nome e chama-se homofobia.

A homofobia funciona como uma espécie de cancro social e espalha-se em todas as direcções - e mata. A homofobia... mata! Deve ser vista como fracturante na nossa Sociedade, nas nossas famílias e na lei. E deve ser SEMPRE repudiada. Condenada.

Relembremos o apartheid legal e a imposição do Estado nas nossas escolhas e na construção das nossas famílias. A população LGBT, nomeadamente os mais jovens antes de qualquer consciência sobre a sua orientação sexual, cresce no insulto - insulto esse marcado por um isolamento e exclusão sociais atrozes.

Somos levados a invisibilizar as nossas vidas. Invisibilizamos as nossas companheiras e companheiros. Invizibilizamos as nossas famílias até dentro das nossas próprias famílias! Vivemos no silêncio. E na lei somos tratados como menores, repito, como menores e sem protecção, quando uma Democracia deveria assegurar Liberdades e Direitos para todos, sem excepção. E sobretudo assegurar que as segmentações mais fragilizadas consigam viver uma cidadania plena sem medos.

Concordo com a Dana Omert, todos deveríamos fazer uma reflexão do que se passou, sobretudo as pessoas com declarações intolerantes, como, por exemplo, as do Presidente do Instituto Português do Sangue, Gabriel Olim, ao dizer que o sangue gay é sangue contaminado

 

(Transcrito de cacaoccino)

publicado por Adelina Braglia às 11:34

Um trio nefasto (Renan, Sarney, Collor) para uma história idem?

 

 

 

 

 

GENEBRA - Nos porões da sede do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), em um bairro afastado do centro de Genebra, na Suíça, o silêncio é quebrado apenas pelos passos dos poucos funcionários com acesso ao local. Ali, nos arquivos da entidade, escondem-se centenas de milhares de páginas que documentam a história das guerras. Boa parte do acervo é dedicada à 2ª Guerra Mundial, mas há também farto material sobre conflitos na África e América Central, regimes militares na América do Sul e guerras americanas no Afeganistão e Iraque.
 O Estado teve acesso com exclusividade a um capítulo pouco conhecido da participação brasileira na última Grande Guerra: a história dos campos de concentração implementados no País pelo governo de Getúlio Vargas, entre 1942 e 1945. Marinheiros, espiões, engenheiros, banqueiros - supostos colaboradores do regime nazista - foram levados para instalações na Ilha das Flores, Ilha Grande, Casa de Correção do Rio de Janeiro e outras, como prova do alinhamento brasileiro aos Aliados, o que só ocorreria após forte pressão norte-americana.
 Os documentos revelam que, mesmo distante do palco da guerra, o Brasil adotou uma postura de resistência à ajuda humanitária aos presos, recusou-se a dar nomes de detidos e transferiu muitos em sigilo para os campos de concentração nos EUA. Mas, cartas e relatos - impressos em delicados papéis de seda que não podem ser copiados nem escaneados - explicitam as contradições do governo de Vargas em relação à guerra. E fazem entender por que o Estado Novo em um primeiro momento não rompeu relações diplomáticas com os países do Eixo. Só após o acordo de Vargas com a Casa Branca, em 1942, e a represália alemã no ataque a navios do País, a guerra é declarada e 25 mil soldados brasileiros vão para a Europa.
 
Leia mais no Estadão

 

 

publicado por Adelina Braglia às 09:54

 

 

publicado por Adelina Braglia às 07:34

08
Ago 09


O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

- porque o poema, senhores,
   está fechado:
   "não há vagas"

Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço


  O poema, senhores,
  não fede
  nem cheira

 


...

 

A poesia
quando chega
não respeita nada.
Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
de qualquer de seus abismos
desconhece o Estado e a Sociedade Civil
infringe o Código de Águas
relincha
como puta 
nova
em frente ao Palácio da Alvorada. 

E só depois
reconsidera: beija
nos olhos os que ganham mal
embala no colo
os que têm sede de felicidade
e de justiça 


E promete incendiar o país

 

(Ferreira Gullar - poema 1 " Não há vagas" ; Poema 2, " Subversiva")

 

 

publicado por Adelina Braglia às 07:24

06
Ago 09

 

 

publicado por Adelina Braglia às 17:47

02
Ago 09

 

 

 

 

 

Sem pedir licença, transcrevo a carta que minha irmã pescadora escreveu para nossa mãe. Uma carta que ela jamais receberá, mas da qual sabia sempre todas as palavras e sentimentos.


Beijo, Rita.



 

Minha mãe,

 

Me pega as vezes no coração a saudade do pai e da mãe. Lembranças de simplicidade, de emoções tolas exatamente por serem simples. “Luar do sertão”, toda vez que ouço, me vem a imagem da mamãe, com seus olhos escuros de cílios negros longos, os mesmos olhos de vovô e tia Judite.

Me pega também a consciência de sonhos que ela tinha...realizou pouco: a casa própria, a escola e o sustento dos filhos. Uma grande mulher, de coração generoso e alma farta. Remendou e cozeu por longos anos, segurou as rédeas de nossa educação enquanto pode, aturou uma doença cruenta e devastadora...mas não contava o que sonhava. Ouvi algumas vezes por detrás da porta, suas queixas à madrinha de não saber o que aconteceria conosco...falava de meu gênio, de minha má-criação, do fato de ser respondona...

Era uma mulher sertaneja, tenteando a vida na cidade grande.

Hoje olho o sofrimento relativo de nós, filhos. Sim relativo porque nosso sofrimento é por opção. Miramos um ponto no mundo e fomos. Fizemos com nossos filhos o que achávamos correto, às vezes mirando o que não fazer tendo como exemplo a mamãe...

À minha mãe devo algumas qualidades: generosidade e honestidade. Duas sombras de Apparecida a nos dirigir na vida. Sim, qualidades de seus três filhos, que até hoje quando pegos em desalinho, revolteiam as coisas e se sentem desconfortáveis diante da avareza e da falta de retidão.

Olho seus olhos na grande foto PB, que amparam um semi-sorriso a iluminar seu rosto. Uma foto de mulher quarentona, serena, pouco antes da viuvez. Cabelos negros curtos, sobrancelhas delineadas, nariz alongado, proporcional...uma linda mulher.

Me pega de jeito a saudade de alguém, que o tempo veio surrupiar entre o egoísmo adolescente e os anseios de liberdade. Para mim foi num instante, perder a mãe. Ela me mandando ir pra escola e morrendo, o pano enrolado no queixo, o cheiro de flor, o silêncio e o nada – tudo num instante.

E é por isso que quando ouço Luar do Sertão, sinto seus suspiros de saudade ao meu lado, ainda me guiando, ainda me acolhendo em sua generosidade. Por isso não gosto da saudade, não sei lidar com ela por causa do gosto de silêncio e nada. Mas cultivo flores, samambaias e comigo-ninguém-pode. Lembra ela, lembra o Luar do Sertão.

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 18:29

 

 

 

O novo livro do Lúcio.


Em Belém, nas bancas de revistas e jornais.


Para outras cidades, o pedido pode ser feito para jornal@amazon.com.br

publicado por Adelina Braglia às 17:20

 

Ao largo

Ademir Braz
(Para Charles Trocate, no seu caminho)

Já não te amo mais, cidade minha.
Quando, nas dobras da minha lembrança,
tange solitário um tropeiro a tropa
ruidosa dos meus desenganos,
sinto que não te amo mais:
desgosta-me o suor-néctar que exalas
por entre as pernas, se me enlaças e roças
no rosto teus seios imaturos de vestal;
trinco irado os dentes se me acenas doce,
etérea e sedutora, dentre as aves de rapina
que se fartam em tuas entranhas.
Aborrecem-me tuas ruas ensolaradas
ou noturnamente desertas e melancólicas.
Ralam-me o cristal das chuvas de dezembro
e o odor de frutas claras na água de verão.

Já não te amo mais, não te amo mais.
Um gigantesco mar nos põe ao largo
e singro, em velames, a esquecer teu cais.

Se navego teus rios, ouço vozes afogadas
de crianças e o canto deslembrado de pássaros;
vejo encantarias apanhadas em tarrafas
e garimpeiros presos ao farracho de sonhos
cravejado de diamante e turmalinas;
ouço adiante o canto sombrio da aldeã ilhada
em balsa de buritis a descer sem timoneiro
a voraz correnteza da memória, e o estrondo
infindo de um avião a retorcer-se em chamas,
facho imenso aceso sobre águas negras,
farândola insana para um deus insano.

Meu povo sumiu na mata e morreu à míngua
nos castanhais. Ouço-o, sinto-o ainda, e tanto!,
cidade minha... Já, em tuas ruas não anda
mais a triste e doida Zabelona a cavalgar
ao luar sua porca de bobs, nem sobre as casas
ressoa, pela madrugada, o agourento presságio
do rasga-mortalha.
Invés, na calha dura avulta
a gosma rubra de teus pobres, catados à margem
de trilhos e soltos na veia líquida de março.
São pobres peixes tangidos da sombra insalubre
dos brejais. Sujos de ferrugem e fuligem, vomita-os
o dragão chinês na gare de abandonos na periferia.
São lambaris que no mormaço vagam. Cegos, vagam.
Famintos, comem o paul do paiol apodrecido.

Para onde irão a seguir (além da cerca do latifúndio
e da cova anônima de indigentes sem luto),
sob o céu encauchado no forno das siderúrgicas?

Quem sabe os espera, ao acaso, numa esquina,
a perpendicularidade exata e única de uma bala?

Já não te amo mais, cidade minha. Não faz
sentido o amor, quando cegos conduzem
cegos, quando o pássaro perde o canto,
e tudo se precipita para lugar nenhum.
publicado por Adelina Braglia às 09:26

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