Circula por e-mail um texto do jornalista Mauro Carrara, contestando o tipo de jornalismo da Folha de São Paulo, citando como exemplo uma matéria de pesquisa do IPEA sobre variações na distribuição da renda.
Ressalvando que o último parágrafo do texto do jornalista é absolutamente verdadeiro:
“...Durante a Ditadura Militar, a partir de 1964, o grupo Folha passou a apoiar integralmente o regime. Depois do golpe dentro do golpe, em 1968, o jornal passou a colaborar com a repressão aos movimentos operários, estudantis e às organizações que entraram para a luta armada. Os carros da Folha eram usados por policiais e arapongas. Otávio Frias entregou o jornal Folha da Tarde para os policiais da repressão; durante anos o jornal abrigou policiais, informantes, dedos-duros; e serviu para divulgar os "ATROPELAMENTOS" de militantes das esquerdas mortos sob tortura..”
o jornalista, porém, erra na “bronca” sobre a análise da pesquisa, quem sabe pela ênfase à militância. Assim, Carrara comete também o seu desvio jornalístico.
Vamos lá. Diz o texto do jornalista:
“(...) Na numeralha, há um dado espetacular, e que mereceria o título da matéria: entre 2.003 e 2.008, segundo o Ipea, o número de pessoas pobres caiu de 35% para 24,1%. Pronto. Se restasse inteligência e algum pingo de honestidade na redação da Barão de Limeira, pinçar-se-ia daí a boa chamada.
O método salafrário (e burro por opção) da Folha de S. Paulo, entretanto, preferiu estampar o seguinte: "Número de ricos cresce e classe média avança". Agora, vale verificar qual foi este avanço. Segundo o estudo, o número de indivíduos com renda mensal igual ou superior a 40 salários mínimos cresceu de 0,8% para 1% (...)”
Para espicaçar – merecidamente - o Folhão, Mario Carrara desconsiderou que o próprio IPEA, por respeito à verdade, indica a pesquisa no seu site e destacava também que cresceu o número de ricos. E isso porque proporcionalmente, o avanço dos ricos foi de 80% e dos pobres, 70%, já que estamos falando em taxas. Que há muito mais pobres do que ricos no Brasil, do Tio Cabral ao Nosso Guia, ninguém discorda, mas que o movimento de avanço dos ricos foi maior do que a redução da pobreza, também não dá pra omitir.
No gráfico 1 do estudo, o IPEA ficou cravado, por respeito à ciência e à realidade, que a redução da pobreza, ainda que o Instituto não tenha comentado, não é um “fenômeno” do período Lula (2003-2008), mas um movimento que já se manifestada desde 1992 (isso, da era "marginalia" de FHC, como ministro de Itamar e depois Presidente da República).
Caramba, Santo Ambrósio. Assim, fica sempre mais difícil. Porque nesse brasilzinho, o que sai é o detentor de todo o mal. E o que chega, é o senhor da bondade!