" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

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Jul 09

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 19:27

 

 

publicado por Adelina Braglia às 19:23

publicado por Adelina Braglia às 19:07

 

Um país cínico começa mal nas origens.
 
Relendo um artigo do Professor Renato Lessa – A invenção republicana -descubro que meu mal estar de ontem ao ler as notícias sobre a aprovação da profissão de mototaxista tem explicações mais acadêmicas.
 
Por partes. O artigo de Renato Lessa lembra que “...O Brasil foi a única monarquia pretensamente constitucional na qual o Imperador era apresentado da seguinte maneira: "O Imperador assim o é pela unânime aclamação dos povos e pela graça divina." Na Europa, esses dois princípios foram separados por barricadas, e sangue foi vertido entre os defensores do direito divino e os do modelo da aclamação dos povos. Aqui, foi a pena de Antônio Carlos Ribeiro de Andrada que compatibilizou princípios ideológicos completamente diferentes.”
 
A Câmara aprovou que mototaxistas podem agora existir, desde que tenham dois anos de habilitação. Pronto. Percebeu? Sem coragem para proibir ou ampliar a discussão sobre uma profissão de altíssimo risco - da mesma forma que não se extinguiu o princípio contraditório da aclamação pelos povos contra a graça divina -  faz-se de conta que há alguma seriedade ou cuidado nessa regulamentação.
 
Para os mototaxistas, dois anos de carteira de habilitação. E para os engenheiros? Os médicos? Os motoristas de táxi? Nadinha? Podem exercer sua profissão impunemente porque nossas consciências estão salvas?
 
Da mesma forma que sou capaz de adivinhar que os argumentos a favor são todos patrióticos. O desemprego é o principal.  Não poderíamos aproveitar a onda e regulamentar a profissão de apontador de jogo do bicho? Afinal, todos trabalham, têm famílias para sustentar e o fazem na ilegalidade!
 
Não. Por incrível que pareça, não sou contra a regulamentação para os mototaxistas. Sou contra a hipocrisia e o cinismo com que ela nos chega, embrulhada em medidas de controle, quando só o que pesou foi o controle dos votos que esses desesperados trabalhadores representam.
 
 
O pior é descobrir que nosso processo é involutivo. Na manutenção do poder divino do Imperador e da sua aclamação pelos povos, havia um claro componente ideológico. Agora, há um claro e rasteiro oportunismo. Que nem sei justificar mais em que ponta do iceberg se ancora.
 
Tinham razão os Velhos.  Marx: a repetição da história só se dá como farsa. Machado de Assis: ao vencedor, as batatas.
 
publicado por Adelina Braglia às 13:35

 

Há anos não passo roupas. Muitos anos. Meu filho mais velho, com 30, sempre passou suas camisetas na adolescência.
 
Essa “falha” nas prendas domésticas – ah, eu as tenho, sem nenhuma vergonha! – deve-se a um trauma de infância. Minha poderosa mãe mandava-nos passar a roupa e conferia o serviço. Se encontrasse uma ruga, por pequena que fosse, na roupa passada, amarrotava-a e nos mandava passar novamente. Assim, quando adquiri autonomia de vôo na vida, nunca mais passei roupas.
 
É comum encontrar-me por aí, com uma blusa mal passada ou um vestido que não vê ferro há algum tempo. Se a Santa Zezé não passou, nem eu.
 
Hoje descobri que vou abrir mais uma ficha no arquivo “não faço mais”. Detesto descascar batatas cozidas. E acho que também se deve à mãe esse detestar. Ela fazia gnocci – ou nhoque – e nesses domingos descascávamos bacias de batatas cozidas. E não se podia deixar nenhum olhinho preto na superfície da dita cuja. E aquela película fina em que se transforma a casca da batata quando cozida, entranhava-se nas unhas!
 
Decidi agora que nunca mais descasco batatas cozidas e que se danem as lições de conservação da propriedade dos alimentos! A partir de hoje, cozinho-as descascadas e consumiremos apenas puro amido!
 
Tudo parece tão simples enquanto escrevo que chego a pensar que bastariam duas ou três decisões deste tipo para que algumas coisas também fossem eliminadas do cotidiano:  não ligo mais a TV. Ou de hoje em diante não voto mais. Ou,  como toda propriedade é um roubo – apud Proudhom – não pago mais meu aluguel...rsrsrsrs.....
publicado por Adelina Braglia às 13:08

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