A ministra Dilma Rousseff, cercada pela equipe de especialistas do Hospital Sírio Libanês, sem disfarçar sua peculiar impaciência, anunciou que fez uma cirurgia para retirar um tumor linfático, etc. e tal. Os médicos garantiram o êxito da cirurgia e a excelente possibilidade de cura de 90%.
Correto o que a ministra fez, ao não deixar que se criasse expectativas errôneas ou se disseminasse mentiras sobre o seu estado de saúde. Porém, uma recomendação feita por ela – que era importante pelo seu exemplo, que todos fizessem exames de rotina ou coisa assim – que cabe bem e é simpática em atrizes que não tem compromisso direto com a estrutura de saúde pública no país, eu não consegui deglutir.
A “recomendação” da ministra, para um marciano que caiu ontem cá neste planeta, dará a impressão que o problema do nosso povo, no que se refere à própria saúde, é o ralaxamento, o descaso, ou algo semelhante. Não saberá, o nosso marciano que a moça que tentava ser afável entre seu autoritarismo e rasgos de presunção de dona do caminho da verdade e da luz, é diretamente responsável por apoiar a melhoria dos indicadores de saúde deste país. Nosso marciano não saberá que o Brasil é o campeão mundial de incidência de câncer de colo de útero, que vitima milhões de mulheres ano a ano.
Esta doença tem probabilidades ainda mais otimistas de cura do que a da ministra: a doença tem 94% de chances de cura quando diagnosticada cedo. E para disgnosticá-la cedo, basta um rotineiro exame anual: a colpocitologia.
Assim, cara ministra Dilma, desejando-lhe franca e rápida recuperação, confiando, eu também, na competência da equipe do Hospital Sírio Libanês que a assiste, solicito-lhe que na longa sobrevida que terá, que apóie, estimule e financie com recursos ordinários e extraordinários do seu Governo o combate ao câncer de colo uterino que vitima especialmente mulheres pobres deste Brasil. Após o aparelhamento dos postos de saúde, dos hospitais públicos e prontos socorros, aí sim, ministra, caberá seu tom aborrecido de recomendação.
Saúde, Ministra.