A voz da amiga, pelo telefone, avisa que nossa professora e amiga acaba de morrer.
Meu coração parou um pouco de bater, para que eu ouvisse o choro da amiga e tivesse tranqüilidade para não ter nada a dizer.
Desliguei. Fiquei aqui sentindo um vazio estranho porque apesar de tão oco, doía. Ao contrário de outras perdas recentes, não senti raiva. Quem sabe porque ela sofria muito, há meses. E ela não merecia mais viver sem ver, sem sorrir.
Meu filho repôs uma verdade que eu perdi na tristeza desses minutos. Quando lhe disse que a cada perda um pedaço de mim vai embora, ele discordou. E lembrou que dela é que ficaram pedaços comigo.
E eu relembrei da nossa perlenga da blusa azul de bolinhas, das batidas de maracujá na cozinha, do café sempre recém coado, do seu olhar brilhante, da sua ironia fina, da sua fé inabalável, do seu amor pelos seus. E do quanto foi fundamental para a minha vida que ela tenha me incluído entre os seus.
Você aprimorou em mim um coração estudante. Que aprendeu a aprender. E eu quero deixar aqui a música pra você. Coração de estudante.