" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

29
Nov 08

 

 

Egberto Girmonti (com Geraldo Carneiro), Apesar de tudo  "...cante um samba atormentado pra se amparar..."

 

Eduardo Gudin,   Paulista  "...manhãs frias de abril...se a avenida exilar seus casarões quem reconstruirá nossas ilusões... se os seus sonhos emigraram sem deixar nem pedra sobre pedra pra poder lembrar, dou razão, é difícil hospedar no coração sentimentos assim..."

 

Arrigo Barnabé,  Suspeito, "..você tem medo de fazer amor comigo, você tem medo de acordar com um bandido, e ver no espelho escrito com batom: - Tchau trouxa, foi bom!..."
 

Arnaldo Antunes, (com Gilberto Gil) As coisas, "... têm peso, massa, volume, tamanho, tempo, forma, cor, posição, textura, duração, densidade, cheiro, valor, consistência, profundidade, contorno, temperatura, função, aparência, preço, destino, idade, sentido. As coisas não têm paz"

 

Paula Toller (ela sim!!!), cantada por Adriana Calcanhoto em Oito anos, "...por que os dedos murcham quando estou no banho, por que as ruas enchem quando está chovendo?..."

 

Ginga, Canção desnecesária, "...Abrace o precipício e valse a valsa imersa num silêncio insano.."

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 08:11

 

 

Eu não gosto das explícitas manifestações públicas de amor, euforia, dor.
Sentimentos são mais bem expressos na intimidade.
 
Não gosto de batizados, velórios, casamentos, chás-de-qualquer-coisa
e, ultimamente, também não gosto de aniversários.
 
Não gosto de comer sozinha e detesto barulhos que não condizem com o que pretendo naquele momento. Nestes momentos, até as músicas que gosto às vezes incomodam, se não são elas minha intenção.
 
Não gosto de ajuntamentos, multidões. Mais de quatro é comício
e há muito detesto comícios.
 
Há alguns anos chamaria tudo isso de mau humor.
Hoje chamo de direito adquirido.
 
Gosto de poucas pessoas e delas sinto falta, ainda que não me esforce mais para tê-las perto. Gosto mais de comer em boa companhia, do que de comer boa comida.
 
Gosto de música e poemas, mas cada vez gosto menos dos “modernos”,
exceção feita a Geraldo Carneiro, poeta e letrista e a Arnaldo Antunes, idem.
 
Gosto muito de cinema, mas quase não encaixo mais esse prazer
no tempo desperdiçado com as coisas que não gosto.
 
 
PS: 
 
Se eu me conhecesse hoje, me acharia uma chata.
Mas, me conhecendo há tanto tempo, considero-me, justificadamente, seletiva.
 
 
 
publicado por Adelina Braglia às 07:51



Escadas de caracol
Sempre
São misteriosas,

conturbam...
Quando as desce, a gente
Se desparafusa...
Quando a gente as sobe
Se parafusa
- o peito
estreito -
o teto descendo
Descendo, descendo como nas histórias de imortal horror!
Mas de que jeito,
Mas como pode ser,
Morrer cair rolar por uma escada de parafuso?
Além disso não têm, pelo que dizem,

nenhuma acústica...
Oh! não há como as escadarias daqueles antigos edifícios públicos
Para ser assassinado...
Porém não fiques tão eufórico,
- nem tudo são rosas:
Há,
No sonho das velhas casas de cômodos onde moras,
Passos que vêm subindo degrau por degrau em direção ao teu quarto
E “sabes” que é um fantasma chamejante e fosfóreo
- o corpo todo feito de inconsumíveis labaredas verdes!
O melhor
Mesmo
É fechar os olhos
E pensar numa outra coisa...
Pensa, pensa
- o quanto antes!
Naquelas pobres escadarias de madeira das casas pobres
- escurinho dos teus primeiros aconchegos...
Pensa em cascatas de risos
Escada abaixo
De crianças deixando a escola...
Pensa na escada do poema
Que tu
comigo
vens descendo
agora...
(Hoje em dia todas as escadas são para descer)
Mas não! este poema não é
Nenhum
Abrigo
Antiaéreo...
Ah, tu querias que eu te embalasse?!
Eu estava, apenas, explorando uns abismos...

 

 

(Mário Quintana)

publicado por Adelina Braglia às 06:13

28
Nov 08

(Blog do Alencar)

publicado por Adelina Braglia às 12:18

 

Soube ontem que o rapaz da improvisada banca de jornais na esquina oposta à da calçada da minha casa havia morrido atropelado.
 
Eu sentira sua falta nas duas últimas semanas. Era para ele que eu dava geralmente meu quarto bom dia, ao sair de casa. O primeiro é para o filho que sai para o trabalho cedo, o segundo para a dona do bar onde compro meus cigarros, o terceiro para os taxistas da esquina e o quarto, se não encontrasse antes um vizinho, era para ele, que me cumprimentava cordialmente quando eu chegava ao ponto de ônibus. Pensei que sua ausência significasse ter encontrado um ponto melhor para a sua improvisada banca ou uns dias de merecido descanso.
 
Nunca soube seu nome, nem se tinha mulher, filhos, amigos ou onde morava. Não éramos amigos. Sequer “conhecidos”, mas sua morte me entristeceu. Seu habitual bom dia compunha meu cotidiano.
 
Neste último quartil de vida onde estou os nascimentos são profícuos: nascem os filhos dos amigos mais jovens e os netos dos amigos da minha idade. Mas, contra a minha vontade, as mortes têm sido recorrentes. Não me refiro agora à do rapaz dos jornais, mas à morte de amigos nos últimos três anos. A “lei natural da vida” começa a fazer-se presente demais. Preferia que ela, como muitas leis não cumpridas, falhasse mais, muito mais.
 
A cada perda, sempre muito dolorida, passei a rezar noites seguidas - depois que a raiva passa - a oração da serenidade, aprendida nas reuniões dos narcóticos anônimos, para onde retorno cada vez que a humildade se sobrepõe à arrogância e me convenço – pena que às vezes me “desconvença” - da impossibilidade de decidir pelo outro.
 
Ontem eu não esperei anoitecer. Rezei no ônibus.  Pelo rapaz dos jornais e pela minha raiva. E vou transcrever a pequena oração - ou mantra, se preferirem - para quem dela precisar, assim como deixo às vezes músicas e poesias para quem delas precisa, por deleite ou convicção.
 
 
 
Concedei-me serenidade para aceitar o que não posso modificar,
coragem para modificar o que posso
e sabedoria para perceber a diferença.
 
 
publicado por Adelina Braglia às 07:31

25
Nov 08

 

Nesta semana, o caso da adolescente que ficou quase um mês presa em uma cela com 20 homens na carceragem da Polícia Civil de Abaetetuba (PA) completou um ano. Entre os 12 envolvidos no caso, há delegados, agentes prisionais, investigadores de polícia e alguns presos. Nenhum foi julgado.
 
 
Segundo a Agência Nacional de notícias, ““... a juíza responsável pelo caso recebeu a denúncia do Ministério Público do estado em 30 de junho e, no mês seguinte, ouviu 11 dos 12 acusados. Um dos presos acusados de estuprar a menina, Beto Júnior da Conceição, estava foragido, mas já foi preso novamente em flagrante durante um roubo em outra cidade.
 
 
Após a fase dos depoimentos, a juíza entrou de férias. Ela é a única autorizada a manusear o processo, que corre em sigilo para preservar a menor. Além de colher o depoimento de Beto, a juíza explica que em função de uma nova lei editada em agosto que modifica o procedimento do código penal, terá que ouvir novamente os acusados para que eles tenham a chance da “defesa preliminar”.
 
 
“A nova lei fala da chance da defesa preliminar, por isso eu determinei que eles fossem novamente intimados para oferecer essa defesa. A gente vai ter que ouvir todas as testemunhas, que entre defesa e acusação somam mais de 100, e no final ouví-los[os 12 denunciados] de novo”, explicou.” Lembremos que a juíza Clarice Maria de Andrade, foi quem manteve a prisão da menor sabendo das condições em que a menina se encontrava e  o processo contra ela está com o corregedor Gilson Dipp e não há previsão para ser julgado.
 
 
A única grande decisão da Governadora do Pará foi ordem para a  derrubada da carceragem, o que se assemelha, um ano depois sem culpados, à teoria do bode na sala. A situação é ruim, coloca-se o bode na sala. Ela torna-se tão insuportável que a simples retirada dele do local, faz parecer que tudo melhorou.
 
publicado por Adelina Braglia às 12:42

 

E Lula assinou…

 
Na quinta-feira, 20/11/08, o presidente Lula assinou o decreto que altera o Plano Geral de Outorgas (PGO). É o sinal verde para que a Oi, sócia de seu filho Fábio na Gamecorp, incorpore a Brasil Telecom.
Quem defende a idéia argumenta que a mudança contempla a atual tendência do mercado mundial de telecomunicação, de concentração. E que a união dará ao Brasil uma empresa nacional capaz de competir internacionalmente. Os detalhes político-policiais devem ser esquecidos?
Sob o comando do delegado Protógenes Queiroz, a Operação Satiagraha, que tantas dores de cabeça trouxe ao governo, a ponto de provocar uma guerra interna na Polícia Federal e entre esta e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), iria redundar inevitavelmente nas articulações que levaram à fusão agora autorizada pelo presidente. Basta reler o relatório de Queiroz para encontrar o fio da meada a unir os anseios particulares e políticos encobertos sob o manto do interesse público.
O delegado está sendo bombardeado. Confia-se que seu substituto, Ricardo Saadi, não desperdiçará as linhas de investigação. De qualquer maneira, o doutor Queiroz produziu durante quatro anos farto material, suficiente para explicar parte essencial das relações de poder no Brasil. E a fusão entre a Oi e a BrT é um capítulo recente e importante.
Lula assinou o decreto. Já o delegado Queiroz continua sentado sobre uma espécie de caixa de Pandora. As conseqüências são imprevisíveis, se o conteúdo desta caixa vier à tona.
 
 
 
 
publicado por Adelina Braglia às 07:47

20
Nov 08

 

Criar criar
criar no espírito criar no músculo criar no nervo
criar no homem criar na massa
criar
criar com os olhos secos
Criar criar
sobre a profanação da floresta
sobre a floresta impúdica do chicote
criar sobre o perfume dos troncos serrados
criar
criar com os olhos secos
Criar criar
gargalhadas sobre o escárneo da palmatória
coragem nas pontas das botas do roceiro
força no esfrangalhado das portas violentadas
firmeza no vermelho sangue da insegurança
criar
criar com os olhos secos

Criar criar
estrelas sobre o camartelo guerreiro
paz sobre o choro das crianças
paz sobre o suor sobre a lágrima do contrato
paz sobre o ódio
criar
criar paz com os olhos secos
Criar criar
criar liberdade nas estradas escravas
algemas de amor nos caminhos paganizados do amor
sons festivos sobre o balanceio dos corpos em forcas simuladas
criar
criar amor com os olhos secos.

 


(Criar - Agostinho Neto)

 

 



publicado por Adelina Braglia às 05:56

17
Nov 08

 

 

Em 2005, as crianças com menos de um ano e com menos de cinco anos, filhas de mulheres pretas ou pardas tinham 25,8% mais de chances de morrer antes de completar um ano do que as crianças filhas de mulheres brancas.

 

 

Em 2006, do total de analfabetos no Brasil, 14,4 milhões, 67,4% eram pretos e pardos.

 

 

 De 1995 a 2006, mais 3,6 milhões de pessoas engrossaram o contingente de desempregados. Destes, 60,4% são pretos e pardos.

 

publicado por Adelina Braglia às 07:37

"Obama promete fechar Guantánamo e retirar tropas do Iraque

WASHINGTON -  O presidente eleito dos Estados Unidos, o democrata Barack Obama, reiterou que pretende retirar as tropas americanas do Iraque, melhorar a situação no Afeganistão e fechar a prisão em Guantánamo, ao programa 60 minutes, da rede americana CBS, que foi ao ar no domingo, 16, a primeira entrevista televisiva após a vitória eleitoral em 4 de novembro. "
 
(Agência Estado)
publicado por Adelina Braglia às 07:30

Novembro 2008
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
10
12
13
14
15

16
18
19
21
22

23
24
26
27

30


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO