" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

28
Set 08

 

"... Para quem não entendeu ou não sabe bem o que  é ou gerou a crise americana, segue breve relato econômico para todos entenderem...
 
 
É assim:
 
 
O seu Biu tem um bar, na Vila Anglo, e decide que vai vender cachaça "na caderneta" aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados.
 
 
Porque decidiu vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito).
 
 
O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia.
 
 
Uns seis zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, UFO, SOS, SUS, INSS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.
 
 
Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu ).
 
 
Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bebados da Vila Anglo não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia sifu.
 
 
É isso ai. Fácil ! !..."
publicado por Adelina Braglia às 11:56

27
Set 08

 

Morre aos 83 anos o ator Paul Newman, vítima de câncer.

 

 

 

Manchete e fotos: Agenciaestado.

publicado por Adelina Braglia às 13:18

publicado por Adelina Braglia às 10:11

19
Set 08

 

 
Posto  pela amiga e seus motivos, o poema rende-me uma saudosa homenagem ao amigo Gribel.
 
Esses mortos difíceis
Que não acabam de morrer
Dentro de nós; o sorriso
De fotografia,
A carícia suspensa, as folhas
Dos estios persistindo
Na poeira; difíceis;
O suor dos cavalos, o sorriso,
Como já disse, nos lábios,
Nas folhas dos livros;
Não acabam de morrer;
Tão difíceis, os amigos.
 
Eugénio de Andrade In Memorian
 
publicado por Adelina Braglia às 10:37

16
Set 08

 

Perdão para Darwin?

Uma boa notícia, dirão os leitores ingénuos, supondo que, depois de tantos desenganos, ainda os haja por aí. A Igreja Anglicana, essa versão britânica de um catolicismo instituído, no tempo de Henrique VIII, como religião oficial do reino, anunciou uma importante decisão: pedir perdão a Charles Darwin, agora que se comemoram duzentos anos do seu nascimento, pelo mal com que o tratou após a publicação da Origem das Espécies e, sobretudo, depois da Descendência do Homem. Nada tenho contra os pedidos de perdão que ocorrem quase todos os dias por uma razão ou outra, a não ser pôr em dúvida a sua utilidade. Mesmo que Darwin estivesse vivo e disposto a mostrar-se benevolente, dizendo “Sim, perdoo”, a generosa palavra não poderia apagar um só insulto, uma só calúnia, um só desprezo dos muitos que lhe caíram em cima. O único que daqui tiraria benefício seria a Igreja Anglicana, que veria aumentado, sem despesas, o seu capital de boa consciência. Ainda assim, agradeça-se-lhe o arrependimento, mesmo tardio, que talvez estimule o papa Bento XVI, agora embarcado numa manobra diplomática em relação ao laicismo, a pedir perdão a Galileu Galilei e a Giordano Bruno, em particular a este, cristãmente torturado, com muita caridade, até à própria fogueira onde foi queimado. 

 

ler mais no Caderno de Saramago.

publicado por Adelina Braglia às 04:48

15
Set 08

 

A SPM (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres), o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e o Unifem (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher) e apresentaram hoje, em Brasília, os primeiros resultados da pesquisa "Retrato das desigualdades de gênero e raça", que compara microdados Pnads 1996 e 2006.
 
Além de preparar um detalhado e inédito perfil da população brasileira a partir de recortes de gênero e raça/cor, este trabalho já organiza os dados mais recentes para compará-los com a Pnad 2007 que está será lançada nesta semana.
 
Veja alguns destaques do estudo.
 
Chefia de família
 
- aumento na proporção de famílias chefiadas por mulheres
- crescimento do número de famílias monoparentais masculinas
- crescimento das famílias formadas por casais com filhos chefiadas por mulheres
 
Educação
 
- os negros e negras estão menos presentes nas escolas, apresentam médias de anos de estudo inferiores e taxas de analfabetismo bastante superiores.
 
Previdência e assistência social
 
- A cobertura é maior para homens idosos brancos e menor para mulheres negras ;
a grande maioria dos domicílios que recebem benefícios assistenciais é chefiada por negros.
 
Mercado de trabalho
 
- Mulheres ocupadas são mais escolarizadas que os homens ocupados;
- Negros trabalham mais e nas piores ocupações. Entram mais cedo no mercado e saem mais tarde.
- Meninos negros são as maiores vítimas do trabalho infantil
- Trabalho doméstico remunerado é, ainda, persistente e majoritariamente feminino, negro e informal (sem carteira assinada)
 
Habitação e saneamento
 
- Domicílios chefiados por negros aqueles que se encontram sempre em piores condições, têm menos água encanada, esgoto e coleta de lixo;
 
- Pobreza, distribuição e desigualdade de renda 
 
Nos últimos 12 anos, homens brancos perderam renda, enquanto mulheres e negros ganharam. Ainda assim, o rendimento dos homens brancos supera o de mulheres e negros.
 
A pobreza e a indigência negras são três vezes maiores que a pobreza e a indigência brancas (Pobre = quem sobrevive com até ½ do SM per capita por dia; Indigente = quem sobrevive com até ¼ do SM per capita por dia)


Fonte: Ipea/ Assessoria de Comunicação (13/09/2008)
Link relacionado
: http://www.ipea.gov.br
 
publicado por Adelina Braglia às 20:22

"A mentirinha do século

por Tutty Vasques, Seção: Evasão de privacidade s 11:00:16.

A cada 11 de setembro que passa, mais e mais pessoas em todo o mundo reinventam a própria história para responder à clássica enquete sobre “o que você estava fazendo na hora dos ataques do terror a Nova York”. Oito anos após a tragédia, não há mais relatos de gente que estivesse, porventura, no banheiro, na cadeira do dentista, às turras com um operador de telemarketing ou falando sozinho num engarrafamento de amargar. Entre uma e outra torre abaixo, estavam todos fazendo negócios da China, sexo tântrico, viagens ao paraíso...

Mentir, no caso, não altera os fatos relevantes da efeméride. Só retoca a rotina tediosa dos sobreviventes do primeiro dia do resto do fim do mundo. Pense nisso: você tem a partir de agora um ano inteirinho para reprogramar seus passos naquele 11 de setembro de 2001. Uma dica: evite a sugestão aqui ventilada do sexo tântrico, que está super batida! Use a imaginação, mas, por favor, menos, ok?"

 

 

Os dias passados depois do dia 11, as torres e as torres e as torres, e a crítica ferina de Tutty Vasques lembram que aqui no Brasil..sil..sil.. não nos lembramos mais do outro ONZE: o do Chile, aquele do assassinato de Allende.

 

Não somos e nunca seremos mesmo parte da América Latina. Somos cucarachas. Nada melhor do que isso. A única similaridade - sempre pelo pior lado - é termos agora o nosso Perón, aquele que é amado pelos pobres e adorado pelos muito ricos. pelos banqueiros. Porque essa pesquisa do Datafolha parece que destaca apenas a alegria da bolha - ou dos bolhas - da classe média despolitizada.

 

 

PS: Santo Ambrósio, você sumiu mesmo? já pediu asilo???

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 09:26

13
Set 08

 



Foi para a escola

e aprendeu a ler
e as quatro operações,

de cor e salteado.
Era um menino triste:
nunca brincou no largo.
Depois, foi para a loja e pôs a uso
aquilo que aprendeu
- vagaroso e sério,
sem um engano,
sem um sorriso.
Depois, o pai morreu
como estava previsto.
E o Senhor António
(tão novinho e já era "o Senhor António"!...)
ficou dono da loja e chefe da família...
Envelheceu, casou, teve meninos,
tudo como quem soma ou faz multiplicação!...
E quando o mais velhinho
já sabia contar, ler, escrever,
o Senhor António deu balanço à vida:
tinha setenta anos,

um nome respeitado...
- que mais podia querer?
Por isso,
num meio-dia de Verão,
sentiu-se mal.
Decentemente abriu os braços
e disse: - Vou morrer.
E morreu!, morreu de congestão!...


(Tragédia - Manuel da Fonseca)

publicado por Adelina Braglia às 13:59

 

Entre a sua ironia -  que eu adoro - e sua crítica ferina - que eu necessito - havia uma generosa constatação na opinião da amiga quando ela  “renovou” meu batistério e declarou que sou uma mulher que tem fé! E, o que é pior, concordei com ela.
 
Tenho a fé desaprendida dos corredores do colégio de freiras onde estudei e dos silêncios das igrejas que nunca mais freqüentei. Mais do que meu verniz esquerdista, foi – e ainda é - a comiseração pelo sofrimento do outro que me move pela vida.  Já escrevi isso aqui antes.
 
Como ela sempre me faz pensar – incômodo do qual, vez em quando, eu abdico – fiquei a esmiuçar essa tal fé que, ainda segundo ela, não precisa de justiça. E aí foi que complicou: fico pensando que essa minha frouxa comiseração - frouxa porque se contenta em ser apenas isso -  talvez me leve ao céu, para onde nem sequer pretendo ir, mas não fará com que algo mude.
 
Caramba!
 
As Anas ainda me levarão à loucura. E pensar que uma delas é, formalmente,  responsável pela minha aparente sanidade.......rsrsrs....
 
Ana Diniz, aí estão os Mutantes. E a canção que você tão bem lembrou.
 
 

 

publicado por Adelina Braglia às 10:26

 

 

publicado por Adelina Braglia às 09:35

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