"ZÉ OLÍMPIO E OS JOGOS NA AVENIDA
Zé Olímpio, o atleta aqui do Lote, campeão de lançamento de livros, levantamento de cálices e copas, já de saída pro “Convenção de Genebra”, onde exerce seu mister, me provoca:
- E aí Chefia? Viu a abertura dos Jogos? Parecia até a Marquês de Sapucaí! E que bateria, hein!? Só faltou samba.
Não me fazendo de rogado, eu repico:
- Na Sapucaí também, meu caro Zé Olímpio! Tá faltando. E qualquer dia vai ser só aquilo mesmo da abertura dos jogos. Só efeitos, só ilusão...
Nisto, chega o Imeio (um pivetinho de menos de 1m. de altura, mas rápido como um velox) trazendo uma mensagem do carnavalesco Milton Cunha, meu chapa, que prepara o enredo pra Viradouro. Imeio vai, Imeio vem, eu junto pé com cabeça, misturo China com Olimpíadas e resolvo elaborar a sinopse de um outro enredo que ficou assim, vejam só!
“PRESENÇA AFRICANA NA CHINA MILENAR.
“A presença negro-africana na China vem de tempos imemoriais. A mitologia chinesa menciona um povo original, de nariz largo e chato e cabelos encarapinhados, chamado Ainu. Essa palavra, cujo significado é “ser humano”, teria se originado no Egito, e de lá se disseminado através da Mesopotâmia, da Pérsia e da Índia, onde ganhou a acepção de “negro”. Os Ainus, caracterizados como anãos, aparecem em toda a história chinesa, como, por exemplo, na dinastia de Fu-Hsi (2953-2838 a.C.). Tido como negro e de cabelo lanudo, esse rei foi o responsável pela criação das instituições políticas, sociais e religiosas, bem como da escrita, que iriam perdurar até nossos dias. Foi sucedido por Shen-Nung (2838-2806 a.C.), ao qual se atribui a introdução da agricultura no país, também pertencia ao povo ainu (cf. Elisa Larkin Nascimento, “As civilizações africanas no mundo antigo”. In “Sankofa. Resgate da cultura afro-brasileira, vol. I. Seafro. Gov. Estado RJ, 1994, págs. 49-74 ). No ano 614 D.C, embaixadores de Java presentearam o imperador da China com dois escravos provenientes de Zanzibar. Por volta de 1119, segundo Alberto Costa e Silva, a maioria das pessoas abastadas de Cantão possuía escravos negros, oriundos da África índica, os quais, apesar de fortes, empregados em obras submarinas de reparos navais, morriam facilmente, em geral de diarréia, por estranharem a alimentacão [Fonte: Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana, 2004”.
Dia seguinte, terminada a sinopse, dei-a pro Zé Olímpio ler e opinar. Mas ele olhou, olhou, pensou e, aí, deu o parecer conclusivo, já tirando o time de campo:
- Acho que não dá, não, Chefia! O senhor viu a delegação do Brasil, na abertura? Parecia a da Suécia! De pretinho mesmo, parece que só tinha o pessoal do futebol e do atletismo. Mas a televisão não mostrou. E se a televisão não dá, o enredo não tem credibilidade. Vou nessa! Fui! Feliz Dia dos Pais!"
O lote do Nei está no link aí à esquerda.