" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

28
Ago 08

 

 

 

Essa “lua” que arde em Belém
diariamente
faz do pensamento
algo lasso, bambo, intermitente.
 
Talvez por isso
a gente desista de ser
persistente.
 
 

 

publicado por Adelina Braglia às 09:05

 

 

Num tempo em que estamos cercados por pequenos canalhas, é bom lembrar de louvar um homem cuja estatura se mede pelos seus atos,  o poeta sergipano e Ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Britto,
 
 
... seu voto no caso de aborto de anencéfalo...
“A saudade é o revés de um parto. É arrumar o quarto do filho que já morreu´. O feto anencefálico não tem berço, nem brinquedo, ele não vai viver”. A afirmação é do ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal, ao citar trecho da canção “Pedaço de Mim”, de Chico Buarque, no julgamento que admitiu a Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) sobre a descriminalização do aborto nos casos de fetos anencefálicos (ausência total ou parcial do cérebro).”
... no caso da demarcação da reserva Raposa Serra do Sol
“A reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, tem de ser demarcada de forma contínua e os arrozeiros que cultivam terras na região têm de abandonar o local. Esse foi, em síntese, o voto do ministro-relator Carlos Ayres Britto no julgamento que vai definir a forma de demarcação da reserva, iniciado ontem no Supremo Tribunal Federal (STF). Baseando-se em artigos da Constituição, o ministro disse que a demarcação de terras indígenas deve ser sempre contínua, rejeitando assim a proposta de alguns parlamentares e do governo de Roraima de criar "ilhas" para as populações indígenas que vivem na reserva.”
e seus versos:
O capital reduz
Homem do povo a animal,
E quando o homem do povo
Se comporta como animal,
O capital exige contra ele
A pena capital.
publicado por Adelina Braglia às 07:28

23
Ago 08

... e é tão simples que não é preciso desenhar...rsrsrs.... 

 
 
Vieste na hora exata
Com ares de festa e luas de prata
Vieste com encantos, vieste
Com beijos silvestres colhidos prá mim
Vieste com a natureza
Com as mãos camponesas plantadas em mim

Vieste com a cara e a coragem
Com malas, viagens, prá dentro de mim
Meu amor

Vieste a hora e a tempo
Soltando meus barcos e velas ao vento
Vieste me dando alento
Me olhando por dentro, velando por mim

Vieste de olhos fechados num dia marcado
Sagrado prá mim
Vieste com a cara e a coragem
Com malas, viagens, prá dentro de mim
 
 
(Ivan Lins - Vitor Martins)
 
 
 
publicado por Adelina Braglia às 21:04

22
Ago 08

 

 
“(...) Regra sem exceções conhecidas: a vontade exasperada de afirmar sua diferença é própria de quem se sente ameaçado pela similaridade do outro. No caso, os membros da turba gritam sua indignação porque precisam muito proclamar que aquilo não é com eles. Querem linchar porque é o melhor jeito de esquecer que ontem sacudiram seu bebê para que parasse de chorar, até que ele ficou branco. Ou que, na outra noite, voltaram bêbados para casa e não se lembram em quem bateram e quanto.

Nos primeiros cinco dias depois do assassinato de Isabella, um adolescente morreu pela quebra de um toboágua, uma criança de quatro anos foi esmagada por um poste derrubado por um ônibus, uma menina pulou do quarto andar apavorada pelo pai bêbado, um menino de nove anos foi queimado com um ferro de marcar boi. Sem contar as crianças que morreram de dengue. Se não bastar, leia a coluna de Gilberto Dimenstein na Folha de domingo passado.

A turba do "pega e lincha" representa, sim, alguma coisa que está em todos nós, mas que não é um anseio de justiça. A própria necessidade enlouquecida de se diferenciar dos assassinos presumidos aponta essa turma como representante legítima da brutalidade com a qual, apesar de estatutos e leis continuam sendo vítimas dos adultos(...)
 
 (A turba do "pega e lincha" - Contardo Calligaris/ Folha de São Paulo)
 
 
 
Fui buscar o trecho ao artigo acima no meu arquivo, para me ajudar a compreender o dialogo que ouvi ontem. Dois jovens, uniformizados, esperavam ônibus ao meu lado e conversavam animadamente sobre um episódio que haviam acabado de presenciar. O resumo do que eu ouvi; quando saiam da escola, um garoto foi apanhado por taxistas,porque havia acabado e roubar uma bolsa e fugira de bicicleta.
 
O garoto foi arrancado da bicicleta, imediatamente “apropriada” por um dos taxistas que a colocou no porta-malas do carro, enquanto os outros decidiam quem dava o primeiro chute no ladrão.  
Eu não consegui – não quis, na verdade – ouvir o resto da conversa. Andei mais um quarteirão para esperar o ônibus na parada seguinte e,  enquanto caminhava, aproveitava para respirar e respirar e respirar.
 
É esse o tempo real da barbárie. Não é o “virtual”, da guerra contra a Geórgia. Mas é mais cômodo nos concentrarmos nela.
 
Sugestões de epitáfio para a nossa iniquidade, que podemos escolher entre o verso e o texto.
O autor é um só: Bertold Brecht.
 
 
 
Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais.

Eles cuidariam para que as caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas as providências sanitárias, cabíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim que não morressem antes do tempo.

Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.

Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a guela dos tubarões.

Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos.

Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos.

Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência.

Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista e denunciaria imediatamente aos tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.

Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre sí a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros.

As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que entre eles os peixinhos de outros tubarões existem gigantescas diferenças, eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao outro.

Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos

Da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.

Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, havia belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas guelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nos quais se poderia brincar magnificamente.

Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as guelas dos tubarões.

A música seria tão bela, tão bela que os peixinhos sob seus acordes, a orquestra na frente entrariam em massa para as guelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos .

Também haveria uma religião ali.

Se os tubarões fossem homens, ela ensinaria essa religião e só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida.

Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros.

Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos tubarões pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar e os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiro da construção de caixas e assim por diante.

Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem homens.
 
 
(...)
 

Realmente, vivemos tempos sombrios!
A inocência é loucura.
Uma fronte sem rugas denota insensibilidade.
Aquele que ri ainda não recebeu a terrível notícia
que está para chegar.
Que tempos são estes, em que é quase um delito
falar de coisas inocentes, pois implica em silenciar
sobre tantos horrores.
 
(Tempos sombrios)

 

publicado por Adelina Braglia às 18:49

 

Passeando pelo blog da Inês, aí ao lado, descobri que devo aos portugueses do Porto três das melhores coisas das minhas memórias de infância. Assim ela começou seu post:

 

“Além do vinho do Porto, das tripas, dos filetes de polvo com arroz do mesmo, das iscas de bacalhau da Ribeira, do arroz-doce, do culto das camélias, do cimbalino, da francesinha, do fino, do rock português (Chico Fininho de Rui Veloso), do cinema português (Aurélio Paz dos Reis (1862-1931), do liberalismo (1820) e da República (1891- 31 de Janeiro), o Porto inventou a noitada de S. João (...)”

   

E eu escrevo este para dizer que embora a Vila Madalena  - onde nasci e morei até os 25 anos - fosse fundamentalmente um bairro português, com algumas pinceladas de italianos e espanhóis, eu nunca havia pensado que devia aos portugueses do Porto tanta memória e doçura.

 

Agradeço o pé de camélias do quintal da madrinha, cujas flores tinham um cheiro doce que entrava narina adentro e que, embora parecendo suave tinha força a ponto de eu senti-lo do outro lado da rua, da janela do quarto da minha mãe.

 

Agradeço o cheiro bom do arroz-doce com raspas de limão e o gosto  que remanesce na boca pela vida afora,ainda que eu não o coma há anos. Ah! e agradeço muito a alegria das  festas de Santo Antônio,  de São João e de São Pedro.

 

Nessas festas as ruas da Vila ficavam coalhadas de fogueiras e os vizinhos traziam pratos de doces e salgados para as calçadas. As crianças e os jovens ensaiavam a dança da quadrilha semanas antes e os meninos pintavam a carvão no rosto o bigode que um dia presumiam poder ter. As meninas passavam batom, usavam fitas coloridas na cabeça e a grande disputa era a honra de ser a noiva do casamento. E o grande, o inenarrável crime que cometíamos era, nós, as crianças, bebericar escondidas na pia da cozinha da madrinha os restos de quentão deixados no fundo dos copos.

 

E agradeço, especialmente, ter acreditado por muito tempo, embalada pelo cheiro das camélias, pelo gosto do arroz-doce e pela alegria das quadrilhas, que era possível ser feliz como coisa permanente, para além daqueles cheiros e gostos e calor das fogueiras.

 

E ainda que eu conheça a maravilhoda gravação de Dulce Pontes, era Amália Rodrigues quem cantava nos quintais da minha infância.

  

 

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 02:49

20
Ago 08

   

Meus irmãos são um orgulho que tenho. O irmão é comedido e contem nos seus dois metros a explosão de temperamento que a Rita vez em quando destampa.  E de vez em quando também ela me dá um susto. É bom, mas é susto! Ela se comporta no geral como moça bem educada que somos, mas, de repente, destampa-se!
 
Ela fez isso agora. E mandou me avisar nas linhas e entrelinhas de um e-mail lindo de chorar – a gente chora por coisas lindas, ela, eu e grande parte da humanidade – que ela também sente saudades, que sabe que eu sinto, mas que suas compotas de afeto precisam agora de outro sol que não o daqui  para não criarem bolor.  E atirou-as para cima para que se quebrem os vidros de tampas enferrujadas e liberem as maravilhas que guardavam. E lá vieram as compotas, a tampa e o vidro pra cima de mim...rsrsrs...
 
Curado o galo que ela fez na minha cabeça, somadas a autoridade falida de irmã mais velha e o egoísmo da saudade de tê-la longe, quase vacilei. Mas, como meu amor por ela é grande, é imenso, como no verso da melodia que a Maysa canta  
E porque o meu amor por você é imenso
É porque o meu amor por você é tão grande
É porque o meu amor por você é enorme 
demais 
e porque na música que ela tanto gosta há outro verso, que acabei de acrescentar lá em cima, junto do verso de Lorca,
 
Em frente, coração, sem medo da derrota.
Durar não é estar vivo.
Viver é outra coisa”
 
vim aqui declarar que eu aceito a distancia que ela nos impõe e que quando a saudade bater muito forte eu vou fechar os olhos e sentir o cheiro das geléias e compotas e bolos que ela sempre vai saber preparar e distribuir em colheradas, fatias ou imensos pedaços, de acordo com o mérito do freguês!
 
E vai aí pra ela a música que a Leila Pinheiro canta  sobre verdejantes tempos e mudanças nos ventos e sobre não desistir das nossas bandeiras e a sede de navegar.
 
Vai com letra e tudo, que ela gosta de cantarolar. E canta melhor do que eu.
 

Beijo, querida. 

 

 

Quem pergunta por mim
Já deve saber
Do riso no fim
De tanto sofrer
Que eu não desisti
Das minhas bandeiras
Caminhos, trincheiras da noite

Eu, que sempre apostei
Na minha paixão
Guardei um país no meu coração
Um foco de luz, seduz a razão
De repente a visão da esperança
Quis esse sonhador
Aprendiz de tanto suor
Ser feliz num gesto de amor
Meu país acendeu a cor

Verde, as matas no olhar, ver de perto
Ver de novo um lugar, ver adiante
Sede de navegar, verdejantes tempos
Mudança dos ventos no meu coração
Verdejantes tempos
Mudança dos ventos no meu coração.


 
 
 
 

 

publicado por Adelina Braglia às 10:02

 

Todas as manhãs, entre o enfiar
do sapato esquerdo e do sapato direito
ele vê a vida desfilar-lhe diante dos olhos.
Por vezes só a custo consegue
calçar o sapato direito.
Todas as manhãs - Judith Herzberg

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 02:48

19
Ago 08

 

 

... para fazer mais e melhor, mesmo com uma receita pública chinfrim, que só pode ser ampliada se a gestão municipal inspirar compromiso e seriedade.

 

...para garantir que as prioridades que  povo de Belém precisa para ser  feliz serão garantidas.

 

... porque é preciso.

 

Porque Belém merece.

 

 

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 06:08

 

Belém e Fortaleza são as capitais com maior índice de suicídios entre jovens.

 

Em Belém o índice de mortalidade materna é de 43 por 100 mil nascidos vivos. O padrão máximo da OMS é 20/100.000.

 

Em Belém 25% de jovens entre 15 e 17 anos tem menos de 4 anos de estudo.

 

Em Belém, apenas 32% dos jovens de 15 a 17 anos tem acesso ao ensino médio.

 

Mas, Belém tem jeito. O jeito é JORDY, PPS, 23.

 

 

 

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 04:34

18
Ago 08

 

 

 

 

 

 

 

" Sir George Martin, produtor dos Beatles, considera "inevitável" que todo o catálogo da banda de Liverpool seja oferecido como MP3. Em entrevista ao Washington Post (em inglês), ele critica a qualidade da música digital: "Bem, eu não gosto. Ninguém que esteja bem da cabeça gosta. Eu não ouço iPods; não quero ter 10 mil músicas". ( o grifo é meu e a notícia e a foto são do jornal O Estado de São Paulo)

 

publicado por Adelina Braglia às 08:12

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