coçou na minha cabeça a noite inteira
graças à minha gracinha de achar graça
nesta democracia pelo avesso.
Amanheci disposta a me desculpar
no Quinta nesta segunda,
e a jurar pro Juca
que não repito mais a diatribe.
Porém, seja pelo cheiro do café recém coado,
seja pela alma escalavrada,
ou pelo humor amanhecido em bom estado,
peço desculpas não.
É pelo avesso a democracia que ora temos,
enquanto expandirem-se a tuberculose e os assaltos,
e enquanto crescerem nas calçadas
mais meninos abandonados do que árvores.
E se viro o espelho pelas costas
pra ver no reverso o lado certo,
eu vejo tudo igualzinho a este verso:
o que me leva a pensar que eu só preciso,
ao invés de me desculpar, refazer a frase:
Juca querido, não há avesso!