" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

29
Dez 07

 

Atravesso para 2008 em branco e azul. Com direito a barco a vela, para evitar naufrágios. E com direito a Jorge Vercilo e um Final feliz,

 

Fiquemos todos bem. Em paz. Nem que seja durante a travessia.

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 08:04

27
Dez 07

 

 

O inefável Ano Novo traz sempre a lembrança do pai. Quem sabe porque seu aniversário era no dia 1 de janeiro e o do meu irmão é no dia 31 de dezembro. Tínhamos assim - caso o ano que acabava tivesse sido ruim e o que começava prometesse muito pouco – dois bons motivos para que a festa de final de ano se desse, mesmo que o calendário nos preparasse uma rasteira!
 
Ontem, arrumando os CDs, achei um que não ouvia há tempo e ali estava escondida em meio a outras canções, como a me dar motivo para chorar de saudade, a música Pai, cantada pelo Fábio Junior. E há um verso:
 
 “...Pai!
Pode ser que daí você sinta
qualquer coisa entre esses vinte ou trinta
longos anos em busca de paz...”,
 
que me lembrou que meu pai morreu há 30 anos (*) e que vivemos juntos muito menos – dezoito anos - do que este longo tempo em que ele foi embora e onde a sua presença é constante na minha vida.
 
Querendo escrever este post, fui ao youtube procurar a música e encontrei Fábio Junior fazendo um depoimento antes de cantar, sobre o pai com quem ele conversava sobre as coisas da vida. E eu conversava muito com o meu. Tá. O nosso, Rita e Oswaldo...rsrsrs...
 
Sigo a letra e lembro que durante muitos anos eu quis tanto que meu pai renascesse. Para contar-lhe dos meus medos e dos meus progressos ao vencê-los. Para falar das muitas lutas travadas e das batalhas perdidas. O pai era um Quixote às avessas: alto e forte, não cavalgava, mas caminhava às vezes descalço pela rua, com os sapatos nas mãos porque lhe apertavam os pés, para raiva da mãe, que achava isso uma falta de compostura.
 
Quis que o pai renascesse quando a mãe morreu. Aí pareceu tudo tão difícil, que seu colo parecia ser a única coisa capaz de me fazer forte. Quis tê-lo ao meu lado quando chegaram meus filhos, quando a Rita teve a Laura e quando o Oswaldo se formou - tão bonito e tão parecido com ele, no seu terno escuro, garboso, como diria a madrinha.
 
Fechei os olhos e ainda que as lágrimas perturbem muito, posso vê-lo no seu macacão cinza, com o qual gostava de ficar em casa, livre da farda e do fardo do trabalho. Eu o vejo tecendo uma tarrafa na sala, enquanto a Rita enchia os carretéis, ou tentando dar força ao Oswaldo para que andasse na bicicleta sem as rodinhas de apoio.
 
Eu nos vejo na beira do rio Juquiá, na madrugada, pescando, para depois assar o peixe na folha da bananeira, lentamente, para que a conversa também pudesse ser longa. E vejo também as discussões entre ele e a mãe, que me pareciam sempre afastá-los, até que há um ano a Rita me fez ver com os seus olhos uma foto tão conhecida, onde os meus olhos viciados nunca perceberam que a foto do beijo dos dois, naquele papel já enevoado pelo tempo, ainda  transpira muito amor.
 
Descubro que segui meu caminho sempre acreditando que o pai concordaria com as minhas decisões. Por isso, a canção continua tocando e outro verso está correto:
 
Pai,
você foi meu herói meu bandido
hoje é mais, muito mais que um amigo,
nem você nem ninguém tá sozinho.
Você faz parte desse caminho, que hoje eu sigo em paz

 
Feliz aniversário, pai.
Feliz aniversário, irmão.
(*) atualizando hoje, 28.12: falha na aritmética ou emoção excessiva, na verdade o pai morreu há 40 anos!!!
 


 
publicado por Adelina Braglia às 18:02

 

 

A menina e o menino (para sermos politicamente corretos) dos olhos do Presidente Lula, o PAC,  no apagar das luzes do ano, estão muito, muito sonolentos.
 
O discurso inicial do Governo que o PAC iria “arrebentar” o crescimento nacional, com investimentos maciços em obras estruturantes, que levariam desenvolvimento, empregos e -  porque não? - muita felicidade para os brasileiros e brasileiras, revelou-se assim:
 
·        “Faltando cinco dias para acabar o ano, a União investiu menos da metade do previsto em orçamento, nas obras e aquisições de equipamentos (42%). Dos R$ 40,8 bilhões autorizados em 2007, foram gastos R$ 17,2 bilhões até 24 de dezembro.
 
·        ...a  execução deste ano poderia ser ainda menor se fossem desconsiderados os “restos a pagar”, que são dívidas dos anos anteriores que não foram quitadas no período de sua competência e acabaram arrastadas para os anos seguintes. Assim, grande parte dos investimentos em 2007 não representa, em si, novas obras que integram o orçamento vigente. A parcela de desembolsos destinada exclusivamente para as novas ações iniciadas neste ano é de apenas R$ 7 bilhões. Os outros R$ 10,2 bilhões foram utilizados para o pagamento das dívidas de exercícios passados.
 
·        Segundo o professor de economia da Universidade de Brasília Roberto Piscitelli, o nível de realização dos investimentos ainda está muito baixo. “Não há mais problema de caixa no governo federal. Eu me surpreendo com esses baixos níveis de execução, porque a essa altura do ano não há muito mais o que se fazer. Na melhor das hipóteses, os compromissos deste ano ficarão novamente como 'restos a pagar' para 2008, explica o economista.
 
·        “Uma hipótese é a de que o governo esteja buscando o maior superávit primário possível. Então, faz-se muito alarde, mas diversos setores preferem continuar dando um ritmo vagaroso aos gastos. Outra, é que existe uma certa incapacidade dos gestores. Falta ousadia, eles estão muito amarrados”, comenta o mesmo professor.
 
Por setores, os investimentos em educação, saúde e trabalho foram, respectivamente. 44,2%, 29,3% e 57,1%.
 
 
 
Brasileiras e brasileiros:
 
 
 
Feliz Ano Velho!
 
 
 
Foto: Agencia Estado
 
 
publicado por Adelina Braglia às 09:18

26
Dez 07

 

 

 


Yo tengo tantos hermanos,
que no los puedo contar,
en el valle, la montaña,
en la pampa y en el mar.

Cada cual con sus trabajos,
con sus sueños cada cual,
con la esperanza delante,
con los recuerdos, detrás.

Yo tengo tantos hermanos,
que no los puedo contar.

Gente de mano caliente
por eso de la amistad,
con un rezo pa’ rezarlo,
con un llanto pa’ llorar.

Con un horizonte abierto,
que siempre está más allá,
y esa fuerza pa’ buscarlo
con tesón y voluntad.

Cuando parece más cerca
es cuando se aleja más.
Yo tengo tantos hermanos,
que no los puedo contar.

Y así seguimos andando
curtidos de soledad,
nos perdemos por el mundo,
nos volvemos a encontrar.

Y así nos reconocemos
por el lejano mirar,
por las coplas que mordemos,
semillas de inmensidad.

Y así seguimos andando
curtidos de soledad,
y en nosotros nuestros muertos
pa’ que nadie quede atrás.

Yo tengo tantos hermanos,
que no los puedo contar,
y una novia muy hermosa
que se llama libertad.

 

  

(Los hermanos - Ataualpa Yupanqui)

publicado por Adelina Braglia às 08:37

23
Dez 07

 

 

PAC do Carnaval !!!

 

(roubado ao Santos Passos)

publicado por Adelina Braglia às 20:57

22
Dez 07

 

 

Tente agarrar as as bolhas, Bia,

como se fossem as mais preciosas jóias do mundo.

Assopre-as, para que elas levantem vôo,

mesmo que esse vôo seja muito breve,

uma fração de segundo,

até estourarem.

 

Agarre seus sonhos, Bia,

como você tenta agarrar as bolhas de sabão na praça.

Não importa que eles se evaporem com o tempo.

Basta que você tente pegá-los enquanto flutuam

na sua cabeça.

 

Faça isso sempre, querida, por toda a vida,

por mais que eles escapem das suas mãos,

serão macios como as bolhas de sabão,

enquanto você tiver garra e gana para alcançá-los.

 

Um ano muito feliz para você.

 

Beijo, querida.

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 03:43

17
Dez 07

 

...que todos os que eu amo incondicionalmente, e  os que eu gosto, e também aqueles que não amo, mas respeito, estejam  no palco da vida.

 

O resto, a gente resolve!

 

 

Beijos para alguns, abraços pra todos. E para a Bia, os dois.

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 08:30

12
Dez 07

 

Mercedes Sosa

 

Escribo sobre un destino

Que a penas puedo tocar

En tanto un niño se inventa

Con pegamento un hogar

Mientras busco las palabras

Para hacer esta canción

Un niño esquiva las balas

Que buscan su corazón

Acurrucado en mí calle

Duerme un niño y la piedad

Arma lejos un pesebre Y juega a la navidad

Y juega a la navidad

Y juega, y juega y juega

La niñez de nuestro olvido

Pide limosna en un bar

Y lava tu parabrisas

Por un peso, por un pan

Si las flores del futuro

Crecen con tanto dolor

Seguramente mañana

Será un mañana sin sol

 

 

Para a Governadora do Pará, esta homenagem à leviandade e à irresponsabilidade política e pessoal, depois de  visitar a família da menina de Abaetetuba e deixar-se fotografar,  no local onde a família está sob proteção federal e que pode ser reconhecido pelas fotos, conforme denuncia o CEDECA.

 

"Visita da Governadora Ana Julia colocou em risco família de menina presa com homens, diz entidade
 
Publicidade
KÁTIA BRASIL
da Agência Folha
 
O Cedeca (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente) Emaús, instituição que integra o conselho deliberativo do Provita (Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas), afirmou nesta quarta-feira que a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), colocou em risco a família da menina que ficou presa com homens em Abaetetuba, ao visitá-la em endereço sigiloso do programa estadual de segurança e depois divulgar fotos do encontro no site do governo.
 
A visita foi nesta segunda-feira (3). Fotos da mãe da garota de 15 anos, ao lado da governadora e da secretária da Justiça e Direitos Humanos, Socorro Gomes, foram divulgadas no site junto com reportagem sobre o encontro. Por meio de sua assessoria, Ana Júlia informou que visitou a família para tranqüilizá-la. E negou tê-la colocado em risco.
 
A mãe da garota --uma empregada doméstica de 44 anos--, o marido, três filhos, um tio da menina e uma neta da mãe entraram no programa de segurança da Secretaria da Justiça e Direitos Humanos paraense em 28 de novembro, após receberem ameaças por telefone. Carros também rondaram a casa da família em Barcarena (PA).
 
Nas fotos distribuídas à imprensa aparecem três irmãos da garota com os rostos encobertos por efeitos de computador. O local do encontro foi reconhecido por membros do Cedeca. "A governadora expôs a família. Se é um local sigiloso para resguardar a integridade física, não é para fazer marketing político", disse o advogado da entidade Bruno Medeiros."
 
Publicado pela Folha On Line - 04/ 12/ 2007

 

 

publicado por Adelina Braglia às 14:16

09
Dez 07

 

... botaram paralamas na "puliça"!

 

 

 

 

 

 

 

 

PS: é pra você, irmão, Police desde que nasceu!!! 

 

Beijos.

 

 

 

 

PS2: o irmão, um maravilhoso gozador, também acorda cedo!

Taí a resposta por e-mail:

 

 

É isso aí irmã!!!!! Faltou o Raoni !
Beijo
Teu irmão
 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 07:18

07
Dez 07

 

O sono fugiu de mim cedo hoje.
 
Depois de tomar um capuccino de pacotinho – delicioso, aliás! – sentei aqui para escrever dois e-mails antes de começar a trabalhar. O primeiro para uma amiga querida que perdeu há duas semanas seu único irmão e que a minha covardia impediu que eu dissesse a ela antes o quanto fiquei triste e o quanto a amo. Fiz isso e sinto-me um pouco melhor, com 100 gramas de covardia e egoísmo a menos.
 
O segundo foi para dizer à filha da minha professora, que continua muito doente, que a beije por mim.
 
As duas estão geograficamente longe de mim. A amiga e a professora. E, automaticamente, em momentos em que a distância deveria não existir, porque dificulta o abraço, fico catando as justificativas que por quase trinta anos me mantém longe dos meus.
 
Não há nada que explique isso satisfatoriamente. Nenhum fato nobre, nenhuma missão gloriosa. Há decisões, vontades, desejos. E como tudo isso reflete apenas egoísmo ou privilégio de poder escolher, convenhamos que não há nobreza nisso.
 
Mas, na pior circunstância profissional e financeira da minha vida, que atravessei, ao longo deste estranho ano de 2007, ainda assim não quis voltar, em que pese que lá estejam meu irmão querido, minhas irmãs postiças, minha amiga de vida e meus melhores amigos. Melhores não porque são Semp-Toshiba os de lá e CCE os de cá. Não é isso. Melhores porque viveram comigo os mais importantes momentos da adolescência e da juventude, que é quando a gente se forja, para o bem ou para o mal, e quando somos muito inconstantes e chatos e também maravilhosos. E eles tiveram paciência e carinho para esperar que eu virasse gente.
 
Os daqui já me acharam pronta e, gostem ou não do que sou, eu sou o que os de lá me ajudaram a ser.
 
Não sei se retorno um dia. Talvez por não ter jamais definido isso claramente, fui ficando “provisoriamente” aqui por três décadas, sem que conseguisse não me sentir estrangeira. E é engraçado que em São Paulo, mesmo tanto tempo distante de mim, eu me sinto nativa.
 
Lembrei da madrinha, que completaria anos no dia 10 agora e da sua resistência em vir me visitar, logo depois que vim para cá, numa época em que eu podia custear sua vinda (bons tempos!). Para ela, o Pará era uma nebulosa e por mais que eu me esforçasse, a cada ida lá, em convencê-la que não vivíamos de tanga entre índios ferozes, eu não conseguia. E olha que ela era uma senhora da melhor qualidade, descontando apenas seu fanatismo pelo Jânio Quadros!
 
Talvez ela tivesse razão. Não sobre os índios ferozes, mas sobre sermos uma nebulosa forma de vida que sobrevive ao que nos é imposto, enfiado goela abaixo como se não fossemos capazes de escolher e traçar nosso destino, espezinhados por um Brasil fictício que acha que é o único Brasil real.
E, nessas divagações matinais, percorri também textos antigos desta Travessia – o que comprova a minha imodéstia - e fui achar um, de junho de 2006, que continuo assinando tal como está.
 
 
Eu não gosto da solidão,
o que difere de gostar, às vezes,
de ser sozinha.
Eu não gosto de chuva fina:
ela me molha a alma
e eu levo muito tempo a enxuga-la.
Eu gosto de temporais,
mesmo quando me fazem sentir medo,
lembrando as lições cretinas
do colégio da infância,
onde me ensinavam que o mundo acabaria
em dias de raios e trovões.
Eu gosto das pessoas comedidas
e invejo as deslavadas.
Mais que isto, amo as transgressoras.
Eu não gosto de afagos sem calor
daqueles beijinhos formais
dados por quem
não tenho a menor vontade de beijar.
Eu gosto de frutas, todas,
e amo algumas verduras,
aquelas de folhas escuras
e nomes lindos:
rúculas, escarolas, espinafres!
Eu não gosto muito de doces,
mas amo sorvetes.
Adoro peixes e massas,
mesmo sabendo que deveria odiar as últimas.
Eu não gosto de olhos que fogem dos meus,
nem de mãos que apertam frouxas,
e fazem de um cumprimento
uma gosmenta e desconfortável apresentação.
Eu gosto de Pierre-Joseph Proudhon
e sei que isto me faz parecer muito antiga,
mas compõe o meu perfil
e aponta as minhas idiossincrasias.
Eu gosto de boleros, jazz e blues.
E amo os poetas,
quase todos os que conheço e
lamento conhecer tão poucos.
E amo os rios
embora reconheça
ter com o mar uma relação quase religiosa,
poderosa, nos termos antigos:
Temo-o!
 
(Rol de dores e prazeres, 21 de junho de 2006)
publicado por Adelina Braglia às 07:58

Dezembro 2007
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
10
11
13
14
15

16
18
19
20
21

24
25
28

30
31


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO