A Radiobrás, comprovando o parco conhecimento que tem da nossa região, noticia, orgulhosa, que no dia 5 de novembro passado, começou a aplicação de asfalto num trecho de 84,4 dos milhares de quilômetros da Transamazônica, entre as cidades de Altamira e Medicinópolis (?), no Pará, como parte dos investimentos do PAC. Penso que pelo nome da cidade, talvez não seja aqui, pois aqui seria Medicilândia. Embora de mesma triste origem, o nome difere.
Em 2003, dentro dos programas estratégicos de FHC no Avança Brasil – e o PAC nada mais é do que a sua reedição lulista – também havia o compromisso de asfaltar o trecho Marabá-Altamira da mesmíssima BR-230. Respiremos aliviados agora, porém, pois deve ser mesmo no Pará a mágica do ministro que foi até Altamira vistoriar a obra ainda que no começo do inverno, quando as chuvas torrenciais do final de ano - e janeiro, fevereiro março e abril – dificultam muito obras deste tipo.
Mas, o curriculum do ministro recomenda: AlfredoNascimento tem sua ascensão como empresário estreitamente ligada aos subprodutos do petróleo e quem sabe agora vai! Como se sabe, o senador-ministro tornou-se um próspero empresário em Manaus - antes de chegar à vida pública e assumir a Prefeitura da cidade - recondicionando pneus antigos de empresas de transporte coletivo que mantinham contrato de concessão com a Prefeitura.
Reconduzido ao Ministério em março deste ano, Nascimento já havia sido ministro da mesma pasta de 2004 a 2006. E, desse período, o Tribunal de Contas da União questiona ainda o uso inadequado de mais de R$32 milhões da famosa operação Tapa-Buraco nas rodovias federais, cujo estado deplorável tem sido objeto de matéria freqüente na mídia nacional.
As supostas irregularidades do Ministro são recorrentes: ausência de contrato antes do início das obras, deficiência de documentação das empresas vencedoras quando ocorreu licitação e uma dezena de obras “emergenciais” que prescindiam de licitação. Os processos 017.253/2006-0, 002.083/2006-1 e 002.595/2006-0 são de obras emergenciais na Bahia, em Mato Grosso e Minas Gerais. São apenas três exemplos das dezenas de processos do Ministério dos Transportes pendentes no TCU na sua gestão. Talvez por estas redundantes emergências, o TRE do Amazonas esteja também à caça do ministro para que ele prove sua inocência por abuso de poder econômico nas eleições de 2006, quando elegeu-se senador.
Como canta o Hiroshi, companheiro aí ao lado:
Na Canjira de Umbanda, Orixá que comanda é Ogum
Ele é o Rei do Terreiro
Quem segura a estrada é Ogum
Ogum Iara - Ogum Beira Mar
Auê Ogum Rompe Mato, Ogum de Lei
Quem está de ronda é Ogum Mege...