“Equipe econômica teme que crise no Senado prejudique votação da CPMF
Partem da equipe econômica os sinais de maior apreensão pelo futuro político do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), às vésperas do julgamento do parecer do Conselho de Ética que recomenda sua cassação. Integrantes do eixo Fazenda-Planejamento defendem a permanência de Renan no cargo.
Em conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, esses assessores defendem a tese de que o melhor cenário para aprovar a proposta que prorroga a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) é com Renan sentado na cadeira de presidente do Congresso.”
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http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20070908/
O texto das notícias tem nas manchetes o seu letreiro luminoso. Mas, como sempre desconfio das manchetes, desejei que o letreiro não correspondesse ao texto e que a minha instantânea irritação fosse apenas vontade de tomar o café, que coava mais lentamente do que eu queria.
Peguei o café e voltei para ler a notícia – café que anteontem tinha seu preço mais elevado do que na semana passada - e fui procurar a motivo da minha irritação que, certamente, não era o café e menos ainda Renan Calheiros. Renan não irrita. Renan enoja.
Queria eu que a equipe econômica temesse que a crise no Senado afetasse nossa tão frágil noção de honra, de verdade, de ética na política? Queria. E me senti uma perfeita idiota, logo eu, que gosto de ser sagaz e esperta!
Colocando mais um café na xícara, penso no que escrevi e retiro o que disse: não sou idiota. Tenho direito de querer que os que comandam “esse país” não sejam apenas honrados. Quero que também pareçam que são, tal qual a mulher de César.
O abuso de poder e suas falcatruas, o ostensivo cinismo para mentir e tripudiar que o Presidente do Senado demonstrou, são premiados. Nossos dirigentes acreditam e declaram que tudo isto parece ser somente firula moralista que atravanca interesses nacionais superiores a toda essa "miudeza"! A permanência deste crápula tranqüiliza e preserva a nação!
O café esfriou. Derramo-o na pia. E desejo que junto com ele se vá a vontade de escrever sobre as “firulas”. E sinto saudade de quando a gente cantava o samba de Haroldo Barbosa (Notícia de jornal), sobre a dor da Joana por causa de um tal João e lamentava que "...a dor da gente não sai no jornal..."
Que venha o sábado!