" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

30
Jul 07

 

 

 

 

 

"(...) Vienes quemando la brisa
con soles de primavera
para plantar la bandera
con la luz de tu sonrisa(...)"

 

(Carlos Puebla)

 

 

Eduardo Lauande, 41 anos, foi assassinado num assalto banal.

 

 

Banal porque a luta contra as causas da violência diária parece ser uma batalha que estamos perdendo dia após dia. Banaliza-se a morte, a dor, a perda. Parece que tudo isto é natural como o sol ou a chuva.

 

Parece natural um jovem, marido, filho, irmão, amigo e companheiro tombar assim.

 

 

Eduardo era um combatente da justiça, da paz, da igualdade.

 

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 00:45

26
Jul 07

 

 
O novo Ministro da Defesa, tem  como padrinhos José Sarney, Renan Calheiros e Jader Barbalho, os mesmos que ensaiaram colocá-lo na presidência do PMDB, com suposto aval do Presidente da República. 
Sua notória experiência em defender interesses escusos e amigos idem deve ter sido decisiva na escolha.
Jobim fez várias "diatribes", mas agora teve  certeza  de que amor com amor se paga.
 
Duas antigas:
 
Como Ministro da Justiça, Nelson Jobim notabilizou-se por aprovar o Decreto 1.775, que sob a justificativa de garantir o contraditório, reduziu a área de terras indígenas já homologadas pela FUNAI. Com isto foram suspensas inclusive demarcações já autorizadas no Pará, Mato Grosso e Roraima.
Não por coincidência está em andamento no Congresso a aprovação de concessão para mineradoras no entorno destas terras.
 
Em maio de 1997, na sessão de julgamento da ADIN movida pelo PDT, PSB e PT contra a venda da Cia. Vale do Rio Doce, o Ministro Jobim pediu vista ao processo, provocando a suspensão do julgamento. Com isto a venda foi efetivada antes do julgamento da ADIN.
 
 
 
Duas recentes:
 
Em setembro de 2005,  como Presidente do STF, foi a sua “agilidade” que garantiu sobrevida aos deputados João Paulo Cunha (PT-SP), Josias Gomes da Silva (PT-BA), Professor Luizinho (PT-SP), Paulo Rocha (PT-PA), José Mentor (PT-SP) e João Magno de Moura (PT-MG), então ameaçados de cassação. Jobim foi tão zeloso que, ele mesmo, o Presidente do STF, despachou a liminar que salvou os rapazes!
 
Nelson Jobim votou a favor da prescrição do crime de Jader Barbalho - de quem é amigo pessoal e tem Jader como cliente do seu escritório de advocacia - que é acusado no STF de peculato, pelo rombo de milhões deixado no Banco do Estado do Pará, quando Governador do estado. Felizmente  o STF reafirmou que o crime não prescreve.
 

 

publicado por Adelina Braglia às 08:31

25
Jul 07

 

" PROCURA-SE ANGELINA JOLIE, URGENTE!

Acabamos de ler, não sabemos onde, que a belíssima Angelina (très) Jolie, juntamente com o tal do Brad Pitt e outros famosos, segue agora uma antiga filosofia africana, chamada “Ubuntu” que, do jeito que vai, qualquer dia acaba na revista Caras. E ficamos felizes em saber que a Joile é jolie também por dentro. Porque, em matéria de filosofia, a África sempre bateu um bolão, desde o antigo Egito, que aliás aprendeu muita coisa na Núbia, lá no altinho, ali quem vai pras nascentes do Nilo, nas bandas de Uganda.

Já disse nosso tio gabonês Théophile Obenga que a palavra “filosofia”, ciência do conhecimento e do saber, tem como étimo remoto o antigo egípcio seba, conhecimento, vocábulo do qual derivou o grego sophia. E para os gregos da Antiguidade, segundo o nosso tio, o Egito era o único país a gozar de uma sólida reputação nas ciências e no saber filosófico. Tanto que Pitágoras, Platão e tantos outros sábios helênicos, que sabiam das coisas, fizeram muitas viagens de estudos ao Vale do Nilo. Surgiu, daí, então, com força, uma profunda corrente civilizatória que deu à Humanidade progressos consideráveis – corrente que começa no Egito, alcança o mundo grego, faz nascer a Escola de Alexandria, passa ao mundo árabe e chega ao mundo europeu antes da Renascença.

Os antigos egípcios chamavam seu país de Kemet, ou seja, “a terra negra”, em oposição à “terra vermelha”, o deserto não fertilizado pelo Nilo. Segundo nosso primo afro-americano Molefi K. Asante, antigos povos africanos, antes de os gregos darem o nome de Aegyptos (Egito) à sua terra, chamavam-na, carinhosamente, “Kemet”, a terra preta e dos pretos. E, até hoje, segundo o primo, “toda sociedade africana deve algo a Kemet”, principalmente nos mitos primordiais que orientariam seu modo de rememorar os ancestrais, educar os filhos e principalmente preservar os valores sociais.

Na atual República de Gana, por exemplo, o povo Axanti é talvez um dos que mais guardam, em suas concepções filosóficas, antigas heranças egípcias, como a noção de kra, força vital (do egípcio ka), correspondente ao afro-brasileiro “axé” (do iorubá àse), ao congo mooyo, e a múntu, termo que, também em congo, significa a força vital realizada, existente, pulsante, o ser enfim.

Ora, pois pois... Múntu lembra “Ubuntu”, não lembra? Pois vocês sabem de onde vem e o que quer dizer “Ubuntu”? Não? Vem do cabinda (dialeto congo) bù-untu, significando “bondade”, “amabilidade”, “caridade”, “fraternidade”, “solidariedade” etc.

Pois é: Hollywood e até o Bill Clinton (cf. O Globo, 14.07.07, lembramos agora!) acabam de descobrir a pólvora! Por isso é que precisamos do endereço da Jolie (sem o tal do Brad Pitt) . Pra ela vir tomar um vinho-de-palma com a gente, quando do lançamento do nosso “Dicionário da Antigüidade Africana” (Civilização Brasileira). Que está vindo por aí.


publicado por Adelina Braglia às 08:34

 

 

Há pouco escrevi “palavras secas”.
Fiz isto sem pensar.
Era só uma exata vontade de dizer precisamente isto.
Agora penso sobre o que escrevi.
E percebo que sempre pesei as palavras,
 “molhando-as” com compreensão, justificativas, explicações, aspas, etc.
 
Hoje não. Elas saem da boca sem adereços.
E reafirmo: palavras secas.
São aquelas que, cortantes, não têm mais comiseração.
 
E percebo que não gosto de deixar que as palavras ressequem sentimentos.
 
Talvez por isto ande tão quieta.
Talvez por isto escreva cada vez menos.
Talvez por isto me assustasse:
sinto-me seca, para além das palavras.
 
 
publicado por Adelina Braglia às 08:07

24
Jul 07

 

Não machuca minhas memórias com estes óculos.
Tira-os.
Deixa-me ver o verde,
o cinza,
o quase-azul.
Entende de novo errado o que eu dizia.
E sorri pra mim, com esse riso sério.
 
Você não gosta de Ivan Lins, acho eu.
Mas segue a música:
 
Lembra de mim...
 
 
publicado por Adelina Braglia às 20:18

20
Jul 07

 

...mas que se registra sem tristeza: morreu Antonio Carlos Magalhães, senador perpétuo da Bahia, Toninho Malvadeza para o Brasil, Toninho Ternura para os baianos.
 
Entendo que a Bahia chore, mas o Brasil fica mais leve.
publicado por Adelina Braglia às 14:24

 

 

 

O ministro Marco Aurélio Garcia e seu assessor foram flagrados por um cinegrafista, assistindo o Jornal Nacional e comemoravam com gestos chulos a notícia do acidente da TAM ter sido causado provavelmente por defeito mecânico e não pelas péssimas condições da pista de Congonhas, recém "reformada" pela INFRAERO.

Duas observações:

  • mesmo em caráter privado não se espera de um ministro este tipo de manifestação frente uma tragédia, onde se revela que o fundamental, para ele, é salvar a pele do Governo;

  • triste país onde um ministro sabe notícias fundamentais pela televisão;

Henfil, na década de 70, criou os Fradinhos, onde o Baixinho usava permanentemente o "Top-Top" como  irreverência e crítica ao moralismo barato da ditadura e com um cunho de sadismo, este a única semelhança com o gesto de Marco Aurélio Garcia.

Sinto saudades do Fradinho.

 

 

publicado por Adelina Braglia às 09:14

18
Jul 07

 

"Violência no Pará: ontem como hoje



 

O assassinato do advogado mineiro Gabriel Pimenta em Marabá-PA, em 1982, é um daqueles casos emblemáticos de violência em região "de fronteira" que não podem mais ser tolerados, até mesmo por causa do avanço muito difícil, mas inexorável, da ordem racional-legal. Abaixo, Lúcio Flávio Pinto, editor do Jornal Pessoal, uma trincheira da legalidade no Pará, relembra os acontecimentos de 24 anos atrás. Trava-se, neste momento, uma dura batalha jurídica para levar a efeito o julgamento do mandante daquele crime... e de outros, que continuam a se repetir com insuportável regularidade.


Foi mais do que um bota-fora aquele encontro com Gabriel Pimenta na casa de Ruy Barata, no subúrbio de Belém, no início da década de 80: na verdade, seria a última vez que o veríamos vivo. Gabriel e Ruy comemoravam o sucesso da defesa dos posseiros do conflito da Fazenda Capaz, uma área de 100 mil hectares entre a estrada Belém-Brasília e Vila Rondon, na então PA-70 (hoje, BR-222), na região sudeste do Pará. Os posseiros emboscaram e mataram o fazendeiro John Davis, ex-piloto da Força Aérea dos Estados Unidos na guerra da Coréia, que se transformou em missionário e, depois, em proprietário rural, mas que era, sobretudo, madeireiro. Com o ex-coronel americano morreram dois dos seus filhos, Bruce e Mallory.

O conflito ocorreu em 4 de julho de 1976, exatamente quando os Estados Unidos comemoravam o bicentenário de sua gloriosa independência. Em tempos de regime militar discricionário, a mera e infeliz coincidência se transformou em atentado político contra o país amigo e ameaça ao regime. Caso de ameaça à segurança nacional.

Os posseiros foram presos, antecipadamente condenados e mantidos incomunicáveis, até que Ruy e Pimenta aceitaram o patrocínio. Pretora em São Domingos do Capim, a futura desembargadora (já aposentada) Martha Inez Antunes Lima relaxou a prisão dos acusados e instruiu o processo, que resultou na absolvição dos posseiros.

Essa combinação - de defesa articulada e Judiciário altivo - quebrou a litania da doutrina de segurança nacional em casos semelhantes, restabelecendo o princípio do contraditório e de uma defesa mais ampla do que aquela até então vigente na prática. Ruy e Gabriel Pimenta tinham motivos para comemorar. Só que o jovem advogado, de 27 anos, resolveu prosseguir, se estabelecendo em Marabá, capital de uma das regiões mais violentas da Amazônia, para continuar a defender lavradores.

Não foi longe. Em 18 de julho de 1982 foi executado friamente por um pistoleiro profissional contratado por José Pereira da Nóbrega, mais conhecido por Marinheiro (que morreria, de causa natural, 17 anos depois). No início deste mês foi preso o fazendeiro Manoel Cardoso Neto, o Nelito, que estava foragido havia 22 anos, acusado de ser o mandante do crime. Irmão do ex-governador de Minas, Newton Cardoso, o truculento Nelito parecia ter largos costados. Preso em Minas e recambiado para Belém, vai agora ser submetido a julgamento, se o júri anunciado realmente se concretizar.

Na mesma época, mas em São Paulo, foi preso outro fazendeiro, Marlon Lopes Pidde. Ele é acusado de participar de uma das mais cruéis chacinas na história recente da Amazônia: cinco posseiros que ocupavam terras na fazenda Califórnia III, que Pidde comprara com dinheiro do garimpo de ouro de Serra Pelada, foram amarrados e queimados vivos. Seus cadáveres foram em seguida atirados no rio Itacaiúnas, que deságua em Marabá. O crime, apesar dessas características, já parecia acobertado pela impunidade. Os outros três criminosos, inclusive um irmão de Pidde, ainda estão foragidos.

A prisão desses indivíduos deve ser creditada à persistência de certas autoridades em cumprir seus deveres. O julgamento dos dois mandantes das mortes é uma imposição do foro de civilidade que pretendemos ter. Mas, de lá para cá, a multiplicação de crimes de igual violência leva a pensar que a intimidação estatal não tem sido eficaz. A situação só fez piorar desde então. E a revolta já não é a mesma que os assassinatos de duas décadas atrás provocaram. A sociedade parece estar se acostumando à selvageria. (o grifo é meu)

 

http://www.lainsignia.org

 

 

Gabriel Pimenta foi assassinado há 25 anos.

O criminoso, após 25 anos "escondido" nas fazendas do irmão na Bahia e em Minas, foi considerado inimputável, pela sua idade avançada no momento do julgamento, em 2006.

 

Há recurso no Tribunal Internacional de Direitos Humanos.


publicado por Adelina Braglia às 08:19

 

 

 

Foto: Folha Imagem

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 07:05

17
Jul 07

 

Acabei de publicar o post anterior e a discussão interna começou na minha cabeça.

 

Tive sim, inveja dos argentinos. E tenho dos japoneses, cujos ministros se suicidam se pegos em falcatruas. Imagino que se a moda pegasse aqui,  ao invés de cadeias "especiais" para atender a enorme quantidade de jovens presos, como se propos esta semana, seria necessário construir cemitérios especiais para suicidas de primeira classe!

 

Ainda estou com raiva, demonstrada no estúpido parágrafo acima. Tenho raiva também porque acabo aceitando parte do comentário de Arnaldo Jabor, a quem detesto, sobre o que tem feito com que parcela da sociedade brasileira sinta-se anestesiada pela safadeza institucionalizada que emana deste país.

Nós estamos satisfeitos apenas com a "sensação de fim da impunidade".

 

"(...) Alguns otimistas dizem: "Não... este maremoto de mentiras nos dará uma fome de verdades!" Não creio. Vamos ficar viciados na mentira corrente, vamos falar por antônimos. Ficaremos mais cínicos, mais egoístas, mais burros(... )"

 


 

 

publicado por Adelina Braglia às 08:08

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