" PROCURA-SE ANGELINA JOLIE, URGENTE!
Acabamos de ler, não sabemos onde, que a belíssima Angelina (très) Jolie, juntamente com o tal do Brad Pitt e outros famosos, segue agora uma antiga filosofia africana, chamada “Ubuntu” que, do jeito que vai, qualquer dia acaba na revista Caras. E ficamos felizes em saber que a Joile é jolie também por dentro. Porque, em matéria de filosofia, a África sempre bateu um bolão, desde o antigo Egito, que aliás aprendeu muita coisa na Núbia, lá no altinho, ali quem vai pras nascentes do Nilo, nas bandas de Uganda.
Já disse nosso tio gabonês Théophile Obenga que a palavra “filosofia”, ciência do conhecimento e do saber, tem como étimo remoto o antigo egípcio seba, conhecimento, vocábulo do qual derivou o grego sophia. E para os gregos da Antiguidade, segundo o nosso tio, o Egito era o único país a gozar de uma sólida reputação nas ciências e no saber filosófico. Tanto que Pitágoras, Platão e tantos outros sábios helênicos, que sabiam das coisas, fizeram muitas viagens de estudos ao Vale do Nilo. Surgiu, daí, então, com força, uma profunda corrente civilizatória que deu à Humanidade progressos consideráveis – corrente que começa no Egito, alcança o mundo grego, faz nascer a Escola de Alexandria, passa ao mundo árabe e chega ao mundo europeu antes da Renascença.
Os antigos egípcios chamavam seu país de Kemet, ou seja, “a terra negra”, em oposição à “terra vermelha”, o deserto não fertilizado pelo Nilo. Segundo nosso primo afro-americano Molefi K. Asante, antigos povos africanos, antes de os gregos darem o nome de Aegyptos (Egito) à sua terra, chamavam-na, carinhosamente, “Kemet”, a terra preta e dos pretos. E, até hoje, segundo o primo, “toda sociedade africana deve algo a Kemet”, principalmente nos mitos primordiais que orientariam seu modo de rememorar os ancestrais, educar os filhos e principalmente preservar os valores sociais.
Na atual República de Gana, por exemplo, o povo Axanti é talvez um dos que mais guardam, em suas concepções filosóficas, antigas heranças egípcias, como a noção de kra, força vital (do egípcio ka), correspondente ao afro-brasileiro “axé” (do iorubá àse), ao congo mooyo, e a múntu, termo que, também em congo, significa a força vital realizada, existente, pulsante, o ser enfim.
Ora, pois pois... Múntu lembra “Ubuntu”, não lembra? Pois vocês sabem de onde vem e o que quer dizer “Ubuntu”? Não? Vem do cabinda (dialeto congo) bù-untu, significando “bondade”, “amabilidade”, “caridade”, “fraternidade”, “solidariedade” etc.
Pois é: Hollywood e até o Bill Clinton (cf. O Globo, 14.07.07, lembramos agora!) acabam de descobrir a pólvora! Por isso é que precisamos do endereço da Jolie (sem o tal do Brad Pitt) . Pra ela vir tomar um vinho-de-palma com a gente, quando do lançamento do nosso “Dicionário da Antigüidade Africana” (Civilização Brasileira). Que está vindo por aí.
por Nei Lopes " (http://www.neilopes.blogger.com.br/)