" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

09
Abr 07

 

Como quase tudo no Brasil, há que desconfiar sempre do que vem escondido por baixo da farofa!

 

Um estudo realizado pelo IPEA e generosamente divulgado ontem pela TV Globo e hoje nos grandes jornais, nos informa que o nosso sistema previdenciário é o mais generoso do mundo!

 

Aqui, nós, os tupiniquins, não limitamos a idade – porque, na verdade, muitos morrem antes de acessar o generoso benefício – paga-se a viúvas sem pudor pensões vitalícias ( e isto ocorre, em valores elevados, majoritariamente no caso dos militares, mas quero ver a moçada mexer nesse vespeiro), etc..

 

Interessante é observar que a máxima de Delfim Neto - aliás, grande mentor do atual governo - sobre as estatísticas continua prevalecendo: elas servem para mostrar o que convêm.

 

O extrato do estudo divulgado pelo Estadão hoje é irrepreensível. Através dele, até eu mandaria imediatamente cancelar benefícios que parecem, na maioria, indevidos e espúrios. As comparações com o regime previdenciário de outros países mostra que neles há limitações de idade, de prazo para vigorar o benefício, etc.

 

Mas, há apenas uma “pequena” referência sobre a renda bem mais elevada dos aposentados nestes outros países. Ou seja, aqui, uma renda máxima de aposentadoria de R$ 2.800,00 (teto atual do INSS) parece mesmo uma excrescência num país onde a miserável renda média da população não ultrapassava em janeiro de 2007, na Região Metropolitana de São Paulo - reconhecidamente a de salários mais elevados – R$ 1.257,91. Ou seja, nivelando por baixo, estamos ótimos!

 

Mas, nem na TV nem nos jornais, há qualquer referência ao que pensa o Estado brasileiro sobre a previdência nos próximos anos, salvo a preocupação com o déficit. Também nenhum destaque de que este déficit acumulado vem da extorsão dos cofres públicos, pela sonegação, e não necessariamente pelo pagamento de pensões e aposentadorias.

 

 Os dados atuais são assustadores, olhados como prospectiva do futuro próximo, onde grande massa de trabalhadores estará sem cobertura do sistema público de previdência e sem nenhuma condição de acesso ao sistema privado.

 

Isto é resultante de um mercado de trabalho desestruturado, fragmentado e parcialmente desregulamentado, onde o setor serviços é o que mais cresce e onde o trabalho autônomo é prevalente, ou seja, com recolhimento à previdência perto do zero, pois este trabalhador “autônomo” ou não tem a condição objetiva – dinheiro “sobrando” - ou a consciência para recolher mensalmente sua contribuição. Em fevereiro da 2007, 22,3% das pessoas ocupadas na RMSP trabalhavam sem carteira assinada, com renda média mensal de  R$ 883,07.

 

Mas, depois de tanto estardalhaço ontem, com estudos fundamentados pelo IPEA, certamente a adiadíssima reforma da previdência vem aí. E, antecipando meus votos, de quem é absolutamente descrente da seriedade das reformas no Brasil, que  Santo Ambrósio tenha piedade de nós, os que trabalhamos!

 

(*) os dados utilizados são do IBGE/ PME – Pesquisa Mensal de Emprego.

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 11:35

 

 

 

" Novo tema ganhou destaque na imprensa nos últimos dias. Trata-se de concordata (acordo ou tratado firmado entre um papa e um governante a respeito de assuntos religiosos) que estaria sendo urdida entre o Vaticano e o governo brasileiro. O objetivo seria conceder vantagens religiosas e educacionais à igreja católica(...)"

 

Com a proximidade da visita do Papa, é bom relembrar.

Veja a íntegra do comentário de Sueli Carneiro aqui:

 

http://blog.geledes.org.br/2006/12/20/perigo/

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 01:03

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