São os visionários, os trangressores, os que não aceitam a camisa-de-fôrça do tempo presente - isso vale pro Torquato e não para o Gil - que escrevem, pintam, cantam, desenham, representam e fazem, no seu tempo, o que é definitivo.
Eu, brasileiro, confesso minha culpa, meu pecado
meu sonho desesperado meu bem guardado segredo
minha aflição
Eu, brasileiro, confesso minha culpa, meu degredo
pão seco de cada dia, tropical melancolia
negra solidão
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui, o Terceiro Mundo pede a bênção e vai dormir
entre cascatas, palmeiras, araçás e bananeiras
ao canto da juriti
Aqui, meu pânico e glória, aqui, meu laço e cadeia.
Conheço bem minha história, começa na lua cheia
e termina antes do fim
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Minha terra tem palmeiras, onde sopra o vento forte
da fome, do medo e muito principalmente da morte
Olelê, lalá
A bomba explode lá fora, e agora, o que vou temer?
Oh, yes, nós temos banana até pra dar e vender
Olelê, lalá
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
(Marginalia II (1968) - Gilberto Gil e Torquato Neto)