Matar-se
é coisa banal.
Pode-se conversar com a lavadeira sobre isso.
Discutir com um amigo os prós e os contras.
Um certo pathos, que atrai,
deve ser evitado.
Embora isto não precise absolutamente ser um dogma.
Mas melhor me parece, porém,
uma pequena mentira como de costume:
você está cheio de trocar a roupa de cama, ou melhor
ainda:  sua mulher foi infiel
(Isto funciona com aqueles que ficam surpresos com
essas coisas e não é muito impressionante.)
De qualquer modo não deve parecer
que a pessoa dava
importância demais a si mesmo

(Epístola sobre o suicídio - Bertold Brecht}

O artigo de Valter Pomar, da Articulação de Esquerda (www.pt.org.br), contestando a recondução de Ricardo Berzoini à presidêcia do PT, fez vir à tona a guerra de tendências pelo comando do Partido. Manifestam-se hoje representantes  do PT de Luta e de Massas (Jilmar Tatto) do Campo Majoritário, Paulo Ferreira (tendência de Berzoini,) e  Joaquim Soriano, da Democracia Socialista.

A miscelânea descrita no ESTADÃO aponta que o Campo Majoritário, aparentemente detonado pelos escândalos do mensalão e do dossiê, ainda tem a prevalência do comando do Partido.

Outra nota do mesmo jornalão informa que o Ministério Público Federal investiga doadores da campanha eleitoral em São Paulo, indicando um enorme trambique via caixa 2, onde as "doações" ultrapassariam o faturamento das "empresas"! Ou seja, nosso Hommer Simpson precisa reformular aquele seu ar de surpresa com as maldades do mundo ou seguir o exemplo do Presidente e dizer que não sabia de nada.

Li também que a Ouvidoria Agrária Nacional, omitiu resultados sobre a violência no campo em 2006, entendendo-se que o ESTADÃO chama de "violência" as ocupações de propriedades e não atos de violência cometidos contra trabalhadores . Ainda assim, comento a notícia porque me irritou profundamente o Governo Lula ter mantido a mesma prática dos Governos FHC, de mascarar informações sobre a reforma agrária.

Durante os 8 anos de FHC acompanhei os dados do INCRA - que, louve-se o tucanato, eram disponibilizadas no site do órgão - e conhecendo a história dos assentamentos no Pará, sabia que eram mentirosas as informações de famílias assentadas ano a ano. Na verdade, o INCRA apenas incluía nas relações de beneficiários dos créditos fundiários (para alimentação e fomento) as famílias  que  já ocupavam a terra há 8, 10, 12 anos. O Governo Lula manteve a prática,  mas retirou as informações do site do INCRA, dificultando o acompanhamento.

Assim, a omissão de informações da Ouvidoria Agrária faz sentido, pois se o INCRA anuncia um enorme incremento de "novos assentados",  seria contraditório apontar um movimento de ascensão das ocupações de terra!

Mas, voltando à turma que está em férias,  na verdade o Presidente só vai descansar a partir de amanhã. O rádio errou. Mas, antes de sair, o Presidente reuniu-se com os dois aliados candidatos à presidência da Câmara, deu-lhes um prazo de 15 dias para que um deles desista  e quem obedecer receberá como consolo, talvez, um ministério.

Apesar das agruras, o Presidente continua de bom humor. Brinca com os votos que Chinaglia e Aldo presumem ter, soma as possibilidades e diz que se for como dizem os companheiros, o número de deputados na Câmara doboru!

É o que diz o jornalão. E, infelizmente, é o que eu acredito que tenha acontecido.

Boas férias, Presidente. Bom descanso, Berzoini.

Atualizando agora: esta é a conclusão do artigo de Paulo Ferreira, postado no site do PT (mesmo endereço eletrônico acima) hoje, em resposta à manifestação anterior de Valter Pomar:

Foto:www.terra.com.br

Conheci Luiz Inácio da SIlva sem o Lula acoplado ao nome, quando ainda era um tímido diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, na gestão Paulo Vidal. Sobre Paulo, sempre desconfiamos da sua dupla jornada: dirigente sindical e dedo-duro da ditadura. Não sei onde anda ele, nem sei se isto era verdade. Mas Luiz Inácio foi fundamental para faze-lo desocupar o trono.

Lula tinha  carisma. Era já um notável. O vozeirão também. Nas reuniões fazia-se ouvir, sempre.

Saí de São Paulo quando Lula - agora já era este seu nome de guerra, como importante liderança sindical do ABC - derrotou Paulo Vidal e depois consolidou-se como o mais importante presidente de sindicato da mais dinâmica área industrial do Brasil.

Sempre o admirei e respeitei sua importãncia para o movimento sindical e popular. Posteriormente, mesmo que nunca tenha me filiado ao partido, assisti, entusiasmada, a criação do PT, o partido operário nacional!

Votei nele todas as vezes - à exceção de 2006 - desde que foi um incipiente candidato ao Governo de São Paulo, em 1980 e alguma coisa. Eu estava em São Paulo na semana da eleição e cravei nele meu voto. Cidadanica e conscientemente.

Em 2003, fui a Brasília para assistir sua posse. Nos meus cinquentenários anos públicos de vida, nada me emocionou mais. Este ano, não quis acompanhar a posse nem pela TV.

A partir de 2004, comecei a observar, pelo desempenho do orçamento, que os compromissos de vida e de campanha de Lula estavam sendo soterrados em algum escaninho do poder. As questões mais candentes que eu esperava fossem discutidas ou encaminhadas, ficaram no trajeto do primeiro mandato. E a aliança com o que de pior tem o PMDB nacional não me animou a apostar no segundo mandato. Aliás, em 2006 não apostei em nenhum dos dois. Também cidadanica e conscientemente.

Não me deixo enganar pelo preconceito e pela fúria da mídia, zonza até hoje ao ver o prícipe da sociologia ser substituído pelo operário da metalurgia.. Não sou classe-média-enganada-pelo-Jornal Nacional nem beneficiária do bolsa-família.

Mas, ontem, ouvi no rádio que o Presidente tirou férias. Dez dias, se não me engano. Seus aliados disputam a presidência da Câmara, o que indica que podemos ter um novo Severino Cavalcanti correndo por fora, o seu Ministério não está composto, o caos "formal" toma conta do Rio de Janeiro, seu segundo mandato já vai a caminho. Mas, o Presidente saiu de férias.

Axé, São Benedito!

Eu invejo a impávida postura da Ana

e desejaria roubá-la,

para suportar os sem caráter,

os egocentricos e os imbecis.

Eu desejo os seus óculos escuros,

para perceber nuances mais suaves

nesta vida às vezes tão árida.

Eu desejo suas sandálias, para suavizar os passos

 desta caminhada cada vez mais cansativa.

Eu invejo as cores fortes e brilhantes das suas pulseiras

e dos colares que adornam seus braços fortes e o colo magro.

E eu desejo seu meio sorriso

- irônico ao posar para mim -

imaginando que com ele terei tranquilidade

para enfrentar as adversidades

e  para perceber o que é fundamental.