
Deste amor abrupto, eu me lembro dos desejos e não das raivas.
O afago de manhã.
O cabelo molhado depois do banho.
Lembro do rosto.
Passar a mão no rosto, sentir a pele, o calor.
Entrelaçar as mãos num namoro adolescente,
quente, quente, quente.
Quando o amor estanca não sobram fatos.
Sobram desejos.
As lembranças se ajustam às pequenas coisas:
a um sorvete, a um caju, a uma música.
Quando o amor é abrupto, a vertigem é eterna.
A aurora não vem.
(Abrupto – Luiza Aguilar)