" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

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Nov 06

 

“ Negros e pardos ganham metade do salário dos brancos
Sexta, 17 de Novembro de 2006, 12h15 

O desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do País atinge principalmente a população negra e parda, que, mesmo quando ocupada, recebe em média a metade do salário dos brancos, revelou nesta sexta-feira uma pesquisa do IBGE sobre o perfil do mercado de trabalho brasileiro. As regiões pesquisadas são Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre.

A taxa de desocupação (desemprego) entre negros e pardos em setembro deste ano ficou em 11,8%, ante 8,6% dos brancos.

Negros e pardos representam 42,8%, ou 17 milhões de pessoas em idade ativa nas seis regiões. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, pessoas com 10 anos ou mais são consideradas em idade ativa.

Os brancos formam 56,5% da força de trabalho ou 22,4 milhões.

A pesquisa mostra que negros e pardos são maioria nas atividades de baixa remuneração, como emprego doméstico e construção civil. Em Salvador, 93,5% dos empregados domésticos são negros ou pardos e 88,4% dos trabalhadores da construção civil estão nesse grupo.

Os trabalhadores domésticos pardos e negros receberam em setembro, em média, R$ 354,94 e os brancos, R$ 405,39.

Segundo o IBGE, quase 60% dos brancos ocupados nas seis regiões têm carteira de trabalho assinada, em comparação a apenas 39,8% entre pardos e negros.

"A inserção precária no mercado de trabalho e a escolaridade explicam o menor rendimento de negros e pardos", afirmou o documento.

Negros e pardos receberam em média em setembro deste ano R$ 660,45, ou 51,1% do rendimento dos brancos ocupados, que ficou em R$ 1.292,19.

De acordo com a pesquisa do IBGE, 58,9% dos ocupados que recebiam nas seis regiões até um salário mínimo eram negros e pardos.

A diferença salarial entre os dois grupos é flagrante mesmo quando o nível de escolaridade é igual, apontou a pesquisa. Os brancos com 11 anos ou mais de estudos ganhavam em média em setembro R$ 1.728,38, enquanto que o ganho de negros e pardos foi de R$ 899,64.

Em todas as seis regiões, os pardos e negros são maioria entre os desocupados.

Em setembro de 2006, as mulheres constituíam a maior parcela tanto da população em idade ativa negra ou parda (52,5%) quanto da população branca (53,9%).

Além disso, observou-se que a população em idade ativa negra e parda é ligeiramente mais jovem, com 30,6 anos em média, do que a população branca, 34,4 anos.

O tempo médio de anos de estudo para o total das seis regiões metropolitanas foi de 8,7 anos para os brancos e 7,1 para os negros e pardos. “

http://br.invertia.com

 

 

publicado por Adelina Braglia às 15:07

 

“A proporção de pretos e pardos com causa de morte mal definida foi quase o dobro da registrada entre os brancos em 2004. O atestado de óbito de 16,1% dos negros (13,2% das pessoas de cor preta e 16,8% das de cor parda) que faleceram naquele ano não deixa claro o que provocou a morte, enquanto para os brancos o percentual é de 8,7%. O Ministério da Saúde, que disponibiliza os dados através do Datasus, atribui a diferença a um erro protocolar dos médicos, que não especificam, no atestado, o motivo do falecimento. Alguns especialistas em saúde vêem nos números um forte indício de discriminação racial no atendimento. Para eles, o dado sugere que é maior o percentual de negros que morrem sem receber assistência médica.

A diferença estatística é o resultado da discriminação racial dos serviços de saúde, afirma a psicanalista Marta de Oliveira, da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro. “Tudo indica que isso está ligado à falta de acesso à saúde a que a população negra está exposta”, comenta. Segundo ela, grande parte das mortes com causa mal especificada poderia ter sido evitada com cuidados médicos simples, como pré-natal.

“As negras têm menor acesso ao pré-natal e, quando têm, o pré-natal que elas fazem é de baixa qualidade. Por isso, a mortalidade das gestantes negras é maior. Só isso já mostra o quanto é defasada a saúde para os negros, pois a mortalidade materna é emblemática nesse sentido. Ela indica a qualidade da assistência de maneira geral”, afirma. “A diferença nos dados é apenas o final dessa cadeia de desassistência”, completa.

A pesquisadora Sony Santos, sanitarista da Diretoria de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde do Recife, concorda com Marta. Para ela, a desigualdade nos números é reflexo da baixa qualidade do atendimento a que pretos e pardos têm acesso. “Há diferença na atenção a brancos e negros. Existem estudos científicos que mostram isso. Um trabalho da pesquisadora Maria do Carmo Leal, da Fiocruz [Fundação Oswaldo Cruz], mostra que, no Rio de Janeiro, a quantidade de anestésico aplicada nas gestantes negras na hora do parto é menor do que a aplicada nas brancas. Exatamente porque existe uma cultura de que as negras suportam mais a dor”, afirma.”

(os grifos são meus)

http://www.pnud.org.br

publicado por Adelina Braglia às 11:28

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