Conheci Coração materno, cantarolada pela madrinha, que acompanhava os trinados de Vicente Celestino e emocionava-se muito com a história da mãe que ama o filho acima de todas as coisas. Quando Caetano gravou-a no Tropicália, ela já era minha velha conhecida.
Quando Sueli Costa lançou Coração ateu, em mil novecentos e alguma coisa, eu me encantei muito mais com o título do que com a letra. E achei que um coração ateu era muito interessante e mais poético do que um coração materno espatifando-se no chão, arrancado do peito da mãe por um filho desvairado de amor.
Depois Caetano veio com o Coração vagabundo e aí, a letra, muito mais do que o título, ficou vagando na minha memória. Mas eu ainda gostava de pensar num coração ateu.
Não sei porque lembrar essas coisas. Talvez porque me caiba melhor um coração ateu, do que um coração vagabundo.