A foto é da Rosa.
Não há o que me acalme, se dou de cara comigo.
Contesto-me. Esteja bem ou mal. Quase nada me faz relaxar. A par disto, adoro o sorriso da Bia.
Amo meus irmãos, os dois de sangue, as três “postiças” - mais reais e presentes na minha vida do que elas imaginam – e os amigos. Não tantos, mas seletamente maravilhosos. Cá e lá. Na linha e abaixo da linha do Equador. Para ser politicamente correta, amigos e amigas.
Amo a poesia e a maioria dos poemas que conheço e os que ainda quero conhecer, pois sei que os amarei, a maioria deles, mesmo que ainda não os conheça. É quase impossível não gostar de poemas.
Amo a música. A música me acalma, me excita, me faz descansar, me acorda, me faz dormir, me traz prazer, tesão, melancolia. A música é o meu caleidoscópio sentimental.
Tenho medo do mar, mas a relação com ele é forte. E me emociona sempre um pôr-do-sol nas águas, sejam do mar, do Tocantins ou dos pequenos igarapés que já percorri.
Amo meu trabalho, embora vá deixá-lo daqui a 29 dias. Depois que isto acontecer, vou aceitar que transpus o paredão, como diz Torquato Neto ali embaixo.
Adoro sorvetes, bombons de chocolate, peixe - frito ou grelhado. E, infelizmente , dado que por causa disto jamais serei uma figura esbelta, os carboidratos me alucinam! Todos. Pães, macarrões, tortas salgadas, pastéis. Dispenso apenas os bolos. Deles não faço questão, a não ser os de fubá. Mas gosto muito, muito de frutas e verduras. Especialmente dos abacaxis, das mangas, das rúculas e dos tomates.
Os debates da minha cabeça nem sempre são interessantes. No geral, causam-me dor. A dor que se transfere para o corpo, especialmente para o joelho esquerdo. Ou que explode em pequenas manchas roxas que a madrinha dizia “ são de melancolia”. E aquela palavra mágica me fazia sempre lembrar de...tangos e boleros! Na infância e na adolescência a palavra melancolia estava sempre associada a Carlos Gardel ou a Augustin Lara!!! Céus, como estou antiga!
Hoje, quando elas afloram no corpo, como agora, eu as olho severamente, sem a condescendência da infância. E sei que melancolia não é uma licença poética da minha madrinha. É uma doença da alma.
Divirjo de mim com tanta freqüência que chego a ouvir as acaloradas discussões entre as minhas personagens, dentro da cabeça. Somos atualmente só duas. Uma que me defende, outra que me ataca, esta sempre mais feroz e quase sempre vitoriosa nas discussões. Ana nos administra no ringue da psicanálise e, às vezes, tenho impressão que é ela quem sai do ringue com as escoriações das quais eu consegui me esquivar!
Não, nunca me aplaudo, vença quem vencer. Quem sabe esta seja a única demonstração concreta de que a minha arrogância tem limites: não me aplaudir.
Afora isso, hoje vou ouvir o Arthur Nogueira cantar. Voz suave, mas que adentra a pele de quem ouve, estremecendo e arrepiando a alma. Arthur é o filho mais novo do meu amigo Paulo - e da Marizes, lógico! - e “afilhado” do meu amigo Antonio Maria. E isso é bom, muito bom. Que felizarda sou eu!
Se você me leu antes das 20:00 horas, está em Belém, Pará, Brasil, vá ao Teatro Margarida Schiwazappa. Nos veremos lá, nem que chova canivetes. Ou suco de cupuaçú, pra dar um gosto regional à chuva!
(*) Beijão, Sotavento!