" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

31
Out 06

 

Transcrevo e-mail mandado hoje a amigos e colaboradores:

Caríssimos amigos,
 
Perder eleição é democrático, assim como vence-las.
Durante os 10 anos de trabalho contínuo  no Governo do Pará e, em especial, os últimos 6 anos no Programa RAÍZES, cresci, aprendi, compreendi mais do que sabia. Orgulho-me do trabalho da nossa equipe e dos resultados obtidos. Avalizo todas as nossas ações e as repetiria, com os ajustes necessários para melhorar ainda mais nossas ações, mas com as mesmas diretrizes.
Não permanecerei no Governo a partir de janeiro. Seria incoerente participar de um projeto do qual discordei no processo eleitoral e do qual continuo a discordar. Faço parte  da maioria dos eleitores (57,27%) que por voto contrário (33,03%) ou por abstenção (24,14%) , não referendaram a eleição de Ana Júlia. Se não houver fato que antecipe isto, peço minha exoneração em dezembro.
Agradeço especialmente ao Sérgio, Roza, Gustavo, Dulce,  Beth, Noêmia, Wendell, Mauro, Manuella, Paulo, Sidney, Silvana, Dilma, Marcelo e Paulo Nery - a valorosa equipe RAÍZES - a dedicação, o compromisso acima de todas as  diferenças, a compreensão, a paciência e a tolerãncia comigo. E, certamente, a nossa carinhosa e fraterna convivência.
Desejo que esta equipe possa permanecer à frente do trabalho, com a mesma firmeza que manteve nestes anos e que ela continue garantindo que quilombolas e povos indígenas tenham sempre um canal democrático e fundamental na definição das ações de governo.
Agradeço a confiança do Dr. Almir Gabriel, que criou o Programa, e do Governador Simão Jatene, por garantirem liberdade e autonomia nas decisões tomadas pelo RAÍZES, com o aval dos parceiros do movimento quilombola e indígena.
Um abraço grande, sereno e afetuoso, para todos
(os percentuais estavam errados. Foram corrigidos hoje (06.11.2006). Um abraço, Sérgio.}
publicado por Adelina Braglia às 11:05

 

 
“ A Anistia Internacional está lançando uma campanha em defesa de blogueiros presos e perseguidos em países como o Irã, a Tunísia, o Vietnã e a China. A organização faz um apelo a webmasters ao redor do planeta para que denunciem provedores de serviços na internet, como o Yahoo! e a Microsoft, que fornecem a governos autoritários informações de seus usuários que permitem aos serviços de repressão identificar e prender os blogueiros. A campanha foi lançada às vésperas da abertura de um encontro sobre governança da Internet, que está sendo promovido até a próxima quinta feira pelas Nações Unidas em Atenas, na Grécia. A entidade lançou também um apelo urgente em favor do blogueiro iraniano Kianoosh Sanjari, preso no início do mês depois de divulgar informações sobre o confronto entre forças de segurança do país e partidários do aiatolá Boroujerdi. "Ele vem sendo mantido incomunicável e tememos que esteja sofrendo torturas e maus tratos", declarou Steve Ballinger, da Anistia Internacional. “
 
 
publicado por Adelina Braglia às 08:25

24
Out 06

 

Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia.
publicado por Adelina Braglia às 08:49

22
Out 06

...a ponte e o rio...

... o trem...

.....e sua extensão.

 

A Cia. Vale do Rio Doce arranca do solo do Pará o ferro, a bauxita, o caulim. O trem imenso corta o Tocantins carregando o minério de ferro e deixando ao longo da estrada o som enervante do seu apito.

A empresa,  arrogantemente, cospe no rosto dos paraenses a "fortuna" que deixa de impostos e considera extorsão a revindicação dos povos indígenas pela reparação que exigem por abrir suas terras à estrada de ferro.

A empresa transporta em alguns vagões o povo como gado. São os maranhenses que fogem da miséria do feudo dos Sarneys - pai e filhos - e vêm para o Pará, em busca de terra. trabalho e dignidade.

1984 de Orwell ou A hora dos ruminantes, de J. J. Veiga, são coisas de amador, perto do profissionalismo da Cia. Vale do Rio Amargo.

 

publicado por Adelina Braglia às 21:41

 

Há um céu que nos protege de males que nem presumimos.

Há um sol nas margens do rio, que aquece as águas e as almas.

Há força nesta brava gente, que nem sequer sabe que a tem.

Há uma dor no meu peito, eu, que penso que tanto sei.

 

publicado por Adelina Braglia às 21:29

11
Out 06

 

Não me cobrem nada,

que à vista ou a prazo

nada quero comprometer.

O meu parco patrimônio

foi gasto em estradas, vielas.

cidades e vilarejos.

Como pagamento, vez ou outra

uma galinha ou um saco de macaxeira

e esse pagamento nem era esperado,

mas era sempre bem recebido.

O pagamento melhor sempre foi o riso aberto e o olhar iluminado.

Sim, é claro que ganho para trabalhar

e por isto, só por isto,

meto-me a poetizar a vida.

E não falava do patrimônio material,

que para este,

enquanto eu tiver saúde, pernas, ouvido e boca,

estou me lixando!

Não me cobrem a cota emocional que os equilibrados

sempre têm para dar. Dispenso os conselhos

mas aceitaria um colo disponível para acolher sem perguntas.

Hoje meus cabelos continuam despenteados,

o banho foi uma imposição das noções rígidas de higiene

e a cabeça dói como se dentro dela gemessem todas as dores do mundo.

Se puderem, dêem meu recado

aos que são sãos,

que copio do mais lúcido dos enlouquecidos:

"Ao vencedor, as batatas".

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 20:49

09
Out 06

 

"Carolina de Jesus e Estamira: mulheres, negras e brasileiras.
Paulo Moreira Leite,
 
O único filme obrigatório de 2006 é Estamira, impressionante depoimento de uma senhora que sobrevive num lixão do Rio de Janeiro. Estamira é um soco no estômago: choca pelo que tem de novo e também pelo que tem de antigo. Em 1958, um jovem repórter, Audálio Dantas, decidiu conhecer de perto uma favela de São Paulo, para retratar um cotidiano que poucos conheciam, na época. Audálio descobriu Carolina de Jesus, personagem que virou reportagem, depois livro e peça de teatro e, até morrer, foi um desses símbolos eternos da desigualdade brasileira.

Há uma semelhança óbvia entre Estamira e Carolina de Jesus. Ambas são mulheres, negras
e miseráveis. Há diferenças notáveis, também. Aos olhos de hoje, a pobreza de Carolina de Jesus era uma realidade quase poética, em seus barracos de madeira e uma cidade que ficava genuinamente comovida com sua infelicidade. O retrato de Carolina de Jesus desenhava uma tragédia social que era chocante porque parecia passageira e fácil de ser consertada.
Era um Brasil otimista e generoso que olhava para ela, apesar de tudo. A miséria de Estamira é mais sofrida e repulsiva. Se a primeira catava papel, a segunda vai direto ao lixo em busca de detritos.
O olhar que mostra Estamira é pessimista, derrotado. Carolina de Jesus foi saudada de modo generoso, com uma certa culpa. Estamira é vista com temor, assombro - e medo. Se o país que acolheu Carolina de Jesus acreditava-se solidário, o Brasil de Estamira perdeu a vergonha do próprio egoísmo."
publicado por Adelina Braglia às 02:36

08
Out 06

 

 

 

Neste momento, sob um sol de 34 graus, dois milhões de pessoas seguem a Virgem de Nazaré pelas ruas de Belém.

A fé transpira pelos poros, as ruas são lavadas pela esperança e pela gratidão.

É por isto que eu às vezes sonho que o Brasil ainda pode salvar-se. Não pelo milagre da Virgem, mas pela força dos brasileiros.

publicado por Adelina Braglia às 15:04

05
Out 06

A minha maior amiga me diz que estamos em lados opostos nesta eleição e eu lhe respondi que estamos apenas em trincheiras diferentes. Parece estranho estarmos em trincheiras diferentes, nós que combatemos juntas sempre o mesmo combate.

Pelo carinho que eu lhe tenho, resolvi explicitar minha decisão serena e duradoura de não votar.

Alckmin é, sem dúvida, a expressão mais clara do neoliberalismo. Para ele, o choque de gestão possivelmente não significará redistribuição de riqueza e sim corte nas despesas, sejam elas quais forem.

Lula é a opção de um governo medíocre, em que pese o bolsa-família ter levado o frango para a mesa do miserável e eu não considero isto pouca coisa. Mas enquanto cresce o investimento nesse Programa (53% entre agosto e julho), descresceu o investimento em ações que poderiam efetivamente apontar para mudanças na estrutura, especialmente porque a política econômica do Governo Lula é exatamente a mesma dos governos FHC.

Porém, o Brasil cujo fosso regional foi ainda mais escavado a partir do Governo Collor, hoje aparenta ser cada vez mais fundo e a minha sensação é que jamais seremos uma nação. Minha amiga vive em São Paulo, eu vivo no Pará. Talvez, distante como ela está daqui, tenha perdido a referência do colonialismo brutal com que Brasília trata - e surpreendentemente de forma mais brutal no governo Lula - o norte do Brasil.

Aqui somos os incompetentes, os ladrões, os incapazes, os preguiçosos. E para nos "punir" disto, o presidente Lula vem a Belém em campanha, sobe no palanque com a  mais nefasta figura da política paraense - Jader Barbalho - e beija-lhe a mão. Chama este palanque repleto de sátrapas - Paulo Rocha, do PT, deputado federal que renunciou para não ser cassado, Ademir Andrade,  do PSB, processado pela Polícia Federal pelo roubalheira ne Cia. Docas do Pará e o sempre nefasto Jader Barbalho -  de "aula de sociologia política".

Pensar assim é uma microvisão de mundo, eu concordo. Mas é neste micro mundo que há 30 anos voto reiteradamente no menos pior, incluindo Lula, em todas as eleições a que ele concorreu, à exceção daquela em que Mario Covas foi candidato contra Collor no primeiro turno. No segundo, votei em Lula.

Minha micro visão também priorizou a questão racial e a indígena, nos investimentos do atual Governo e Lula brincou como gente grande  nestas questões. Destaque-se que também perpetuou a prática de mentir sobre os resultados da "reforma agrária". Aqui, as metas "fantásticas" alcançadas pelo INCRA devem-se somente à contabilização das famílias ocupantes de assentamentos já há 10, 7, 6, 15 anos e que agora foram beneficiadas pelos créditos fundiários e o INCRA, cinicamente - como já fazia no governo FHC - contabiliza-os como novos assentados.

A minha maior amiga e eu, lutamos e morremos um pouco para que se chegasse a um Brasil diferente deste. Eu não consegui e me restrinjo agora a exercer minha função de agente público, até quando aguentar ou puder. Ela parece ter ainda esperanças e, sinceramente, quero que ela esteja certa.

Meu carinho e minha torcida  por ela nao me faz, porém, voltar atrás: nem Lula, nem Alckmin. Que o Brasil se salve sem mim.

E sempre do mesmo lado, aqui da minha trincheira, mando um beijo pra você, Rosa Maria.

publicado por Adelina Braglia às 10:39

04
Out 06

 

Se vens comigo, aceita o meu percurso

com desprendimento, como aceito o teu.

Não me exija ir pelo teu caminho,

assim como não desejo que caminhes apenas pelo meu.

Se juntarmos o que acumulamos nas nossas isoladas trajetórias,

haverá um solidário caminho para percorrermos. Ou não.

Mas, junta ao teu riso a minha melancolia,

conta-me as tuas histórias, que eu tanto gosto de ouvir,

e tenta ouvir as que te quero contar.

Gastemos nosso tempo nisto,

porque não há mais pressa nesse caminhar.

Se juntarmos a tua forte e permanente  determinação aos meus vacilos,

e se somarmos a minha eventual  determinação às tuas inquietações,

quem sabe, haverá a serenidade,

que eu tanto quero e que nos é tão necessária.

E se o que nos atrai são as nossas diferenças,

mais do que as nossas similaridades,

não nos permitamos amalgamar a vida,

porque não és meu espelho, nem eu sou o teu.

Estamos nos olhando, apenas.

E, por enquanto, isto é forte, e basta.

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 04:14

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