" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

07
Set 06

Um amigo, nascido em 7 de setembro, quando era criança pensava que a parada militar, os desfiles escolares, a banda, a alegria nas ruas, eram em sua homenagem. Frustrou-se quando entendeu que eram homenagens à independência do Brasil.

Ele é poeta. Hoje acordei pensando em telefonar e dizer-lhe que retome a sua ingênua compreensão da festa.  E que me sinto  melhor olhando a pátria como coadjuvante do seu aniversário do que assisti-la como cenário de tanta indignidade.

Vamos ao Vinícius:

 

A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos e sem meias
pátria minha tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!
(...)
(Pátria minha - Vinícius de Moraes)

publicado por Adelina Braglia às 10:46

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