" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

18
Jun 06

Que tivesse um blue

Isto é imitasse feliz

 A delicadeza, a sua

Assim como um tropeço que mergulha surdamente

No reino expresso do prazer

Espio sem um ai as evoluções do teu confronto à minha sombra

Desde a escolha debruçada no menu:

Um peixe grelhado, um namorado, uma água sem gás

De decolagem:leitor ensurdecido

talvez embebecido "ao sucesso", diria meu censor

"à escuta", diria meu amor

sempre em blue. Mas era um blue feliz.

(Ana Cristina César) ...

publicado por Adelina Braglia às 09:29

Olho sempre com os olhos de primeira vez

coisas que a memória tinha por dever preservar,

como coisas e experiências já vistas e vividas,

e por obrigação de ofício

ela não me deixar surpreender.

Tenho uma sede infinita de saber,

mas não o persigo disciplinadamente.

Aposto demais na minha intuição.

Já gostei mais das pessoas.

Fui tolerante para além da minha capacidade

e isso me infringia às vezes tanta dor

que era quase insuportável.

Amei meu pai sobre todas as coisas,

compreendi mal a minha mãe.

Só ao perde-la aprendi a enxergar suas virtudes,

que reneguei durante toda a sua vida.

Amei pouquissimas vezes, embora intensamente

e gostaria de ter amado mais

Amei muito os filhos

mas foi um amor sem exigências.

Deveria ter lhes imposto limites mais claros

para que se sentissem mais fortes

para arrancar da vida, com as próprias mãos,

o trigo e o joio,

a dor e a delícia de se ser o que se é,

que Gal canta tão bem.

Ouvi muita música,

pois nela eu parecia encontrar sempre as respostas.

Amei os poetas, pela mesma razão.

Portanto, ouvi músicas e li poemas pelos motivos errados.

Hoje ouço menos música do que preciso

e leio menos do que necessito, inclusive os poetas.

Minhas mãos, tal qual a música de Sérgio Endrigo,

parecem “mani bucate” quando começo

a fazer esta contabilidade da vida.

Mas, hoje, porque é domingo

e o dia está lindo,

e porque eu sinto a saudade estranha

daquilo que não vi e nem vivi,

só quero comemorar antecipadamente um aniversário.

Vai daqui o beijo imaginado,

o abraço não dado,

o carinho que não basta.

publicado por Adelina Braglia às 08:34

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