" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

31
Mai 06

Amanheci dando a mim uma justa trégua!

Amanheci com a certeza de que eu sou melhor do que penso e só pouca coisa pior do que a pessoa generosa que imaginam que sou!

Amanheci pensando neste meu país, que vai reeleger Lula, porque ele é a identidade do povo! E que o povo pode ter sua razão cínica funcionando a seu favor! E que eu continuo tranquila na certeza de que não voto mais no menos pior, enquanto viver! E que Alckmin é a farsa mais sem graça que o PSDB produziu nas últimas duas décadas. 

Amanheci feliz porque assumo que o que me move é a compaixão pelo sofrimento do outro e que nenhum compêndio esquerdista - que li pelas orelhas  - foi mais eficaz do que esta certeza, que me faz capaz de conduzir meus pés pelos caminhos que gosto de percorrer.

Amanheci certa de que não importa se o meu afeto, por quem quer que seja, não tem o retorno que eu espero. Que se ardam meus desejos e que eu me ajeite como possa!

Amanheci tentando ter serenidade para aceitar que não há controle no amor e que o amor não é capaz de evitar a dor, e nem sequer de "tirá-la com as mãos" do coração de quem amamos!

Amanheci convicta de que detesto a solidão acompanhada!

Amanheci certa de que mereço esta serenidade, ainda que tenha que aguá-la sem excessos, como se faz com as pequenas violetas!

Amanheci convencida de que um dia destes vou conseguir sair pra comprar cigarros e voltar ....se a mim interessar!

 

publicado por Adelina Braglia às 07:29

30
Mai 06
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publicado por Adelina Braglia às 14:47

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publicado por Adelina Braglia às 14:33

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publicado por Adelina Braglia às 14:28

29
Mai 06

height=360 alt="biaprocura (7).jpg" src="http://travessia.blogs.sapo.pt/arquivo/biaprocura (7).jpg" width=480 border=0>

Cara marôta, vestido branco, amigas a postos,  Bia explicou que, nesta foto, ela estava "procurando". Não quis dizer o quê. Repetiu: "eu estava procurando, vó".

Encontre, querida. Encontre um mundo mais leve, pessoas mais gentis, caminhos menos áridos, palavras sem adjetivações imbecis (tipo: justiça social, desenvolvimento sustentável, democracia plena, etc.).

Amo você e sua permanente procura.

 

publicado por Adelina Braglia às 00:06

25
Mai 06

Amigos meus - Vinícius de Moraes


"Ah, meus amigos, não vos deixeis morrer assim... O ano que passou levou tantos de vós e agora os que restam se puseram mais tristes; deixam-se, por vezes, pensativos, os olhos perdidos em ontem, lembrando os ingratos, os ecos de sua passagem; lembrando que irão morrer também e cometer a mesma ingratidão.

Ide ver vossos clínicos, vossos analistas, vossos macumbeiros, e tomai sol, tomai vento, tomai tento, amigos meus! – porque a Velha andou solta este último Bissexto e daqui a quatro anos sobrevirá mais um no Tempo e alguns dentre vós – eu próprio, quem sabe? – de tanto pensar na Última Viagem já estarão preparando os biscoitos para ela. Eu me havia prometido não entrar este ano em curso – quando se comemora o 19640 aniversário de um judeu que acreditava na Igualdade e na justiça – de humor macabro ou ânimo pessimista.

Anda tão coriácea esta República, tão difícil a vida, tão caros os gêneros, tão barato o amor que – pombas! – não há de ser a mim que hão de chamar ave de agouro. Eu creio, malgrado tudo, na vida generosa que está por aí; creio no amor e na amizade; nas mulheres em geral e na minha em particular; nas árvores ao sol e no canto da juriti; no uísque legítimo e na eficácia da aspirina contra os resfriados comuns.

Sou um crente – e por que não o ser? A fé desentope as artérias; a descrença é que dá câncer. Pelo bem que me quereis, amigos meus, não vos deixeis morrer. Comprai vossas varas, vossos anzóis, vossos molinetes, e andai à Barra em vossos fuscas a pescar, a pescar, amigos meus! – que se for para engodar a isca da morte, eu vos perdoarei de estardes matando peixinhos que não vos fizeram mal algum.

Muni-vos também de bons cajados e perlustrai montanhas, parando para observar os gordos besouros a sugar o mel das flores inocentes, que desmaiam de prazer e logo renascem mais vivas, relubrificadas pela seiva da terra. Parai diante dos Véus-de-Noiva que se despencam virginais, dos altos rios, e ride ao vos sentirdes borrifados pelas brancas águas iluminadas pelo sol da serra.

Respirai fundo, três vezes o cheiro dos eucaliptos, a exsudar saúde, e depois ponde-vos a andar, para frente e para cima, até vos sentirdes levemente taquicárdicos. Tomai então uma ducha fria e almoçai boa comida roceira, bem calçada por pirão de milho. O milho era o sustentáculo das civilizações índias do Pacífico, e possuía status divino, não vos esqueçais! Não abuseis da carne de porco, nem dos ovos, nem das frituras, nem das massas.

Mantende, se tiverdes mais de cinqüenta anos, uma dieta relativa durante a semana a fim de que vos possais esbaldar nos domingos com aveludadas e opulentas feijoadas e moquecas, rabadas, cozidos, peixadas à moda, vatapás e quantos. Fazei de seis em seis meses um check-up para ver como andam vossas artérias, vosso coração, vosso figado. E amai, amigos meus! Amai em tempo integral, nunca sacrificando ao exercício de outros deveres, este, sagrado, do amor. Amai e bebei uísque. Não digo que bebais em quantidades federais, mas quatro, cinco uísques por dia nunca fizeram mal a ninguém. Amai, porque nada melhor para a saúde que um amor correspondido. Mas sobretudo não morrais, amigos meus!"

publicado por Adelina Braglia às 19:51

24
Mai 06

"Homofobia como crime


A homofobia pode se tornar crime previsto em lei. É que o projeto de lei 5.003/01 está na pauta de votação do Plenário da Câmara dos Deputados há três semanas. De autoria da deputada Iara Bernardi, o projeto torna crime a discriminação por conta da orientação sexual das pessoas, a exemplo do que já acontece com o preconceito racial. A Agência de Notícias Aids informa que, se for aprovada pelos 513 membros da Casa, a matéria será o primeiro grande passo para combater, de forma sistemática, a homofobia no Brasil." (...)


www.adital.com.br

publicado por Adelina Braglia às 06:58

23
Mai 06

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“O desinteresse pelas coisas que dizem respeito
ao negro é o que chamamos invisibilidade.”


Hélio Santos, A Busca de um Caminho para o Brasil
São Paulo, Editora SENAC São Paulo, 2001



Buscar fora de mim e do meu círculo de giz o ar que me falta. Foi isto que fiz hoje, graças à possibilidade fantástica que meu trabalho me dá.

Olhar olhos atentos aos sinais de luz e falar para ouvidos ávidos por notícias dos direitos longínquos da cidadania.

Com isto, minha dor retoma seu real tamanho, aquele que ela precisa ter, para que eu e ela possamos dormir em paz.

publicado por Adelina Braglia às 22:27

Aí ao lado, Mercedes Sosa canta a inevitabilidade da mudança. Minha querida Samartaime com certeza não a manteve aqui, cantando e cantando, a propósito! Mas, as mudanças estão aí, batendo no meu nariz, e com fundo musical! Que embala há dias meu lamento inútil de mãe.

Não, o que me assusta não é a mudança em si. É o pavor de reconhecer que meu amor foi tão soberbo e tão egoísta que o custo é tão elevado que é quase insuportável.  E não adianta afirmar que racionalmente eu sempre soube disto. A história, a vida, os sentimentos, mudam e mudam. Pela dor ou pelo amor. O que o racional não faz é aceitarmos que nunca os controlamos, o amor, suas delícias e suas dores.

Por isso, cá dentro da alma, sempre quis ser a grande controladora,  das grandes ou pequenas coisas. Afinal, os arrogantes contentam-se até com as liquidações!

Na juventude, pensava controlar os destinos da revolução e os do meu amor. Na idade madura dediquei-me a querer controlar a felicidade e a dor dos filhos. Ah! Estes tinham por obrigação sair pelo mundo felizes, maravilhosamente felizes, graças à poderosa mãe.

Minha receita foi o amor incondicional, no seu pior sentido, pois aprendi com o pai que amor em excesso não mata. O que mata é a falta dele, pois o excesso a vida toma, e a falta ela não repõe. Só que na receita do pai havia o tempero da mãe e da sua dureza e os seus limites pra lá de rígidos e até injustos, porém, limites.

Eu não: presunçosa e comodamente, segui só a receita do pai. Amor, amor, como se amor fosse o céu de algodão doce, dos livros babacas de ursinhos e fadas da infância. O meu foi o amor permissivo, que destrói o ânimo, que não leva ao céu, nem mesmo o céu idiota que eu imaginava.

Sofremos hoje, meu filho e eu, o resultado desse plano macabro de achar que as mães têm o poder de fazer os filhos felizes. Deveria ter me lembrado de Cazuza – só as mães são felizes!

A dor e suas causas! Acho que ainda não as coloquei aqui. Aliás, a causa, sim, esse meu amor egoísta. As conseqüências o filho as carrega: usuário de drogas, aos 20 anos, recusa a lógica da doença, pois com a mãe arrogante “aprendeu” que controla o mundo e suas adversidades.

Porque escrevo isso aqui? É o vício da presunção: quem sabe entre os parcos leitores, haja quem ainda duvide que o amor sem limites dói tanto quanto a falta dele. Que não saiba que o amor só faz sentido se for generoso a ponto de não ser guiado pelos desejos de quem acha que sabe fazer o outro feliz e que o outro seja obrigado a viver o que nós pensamos que é felicidade. Ou ser feliz pelos nossos desejos.

Os filhos precisam aprender a viver, aprendendo. Nosso script às vezes é uma farsa. 

publicado por Adelina Braglia às 08:35

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