Acordar em Brasília é como entrar no filme "Eduardo mãos de tesoura" , na cena em que se observa o amanhecer na cidade. Lá eram casas iguais e aqui são blocos de apartamentos padronizados. O movimento matinal é semelhante: quase ao mesmo tempo os carros saem dos estacionamentos e tomam direções diversas.
Nunca me interessei pela concepção urbana de Lucio Costa para a cidade. Mas imagino que a definição por blocos residenciais padronizados poderia passar a idéia da equidade diante do poder, aliada à necessidade de convencer, pelo conforto, os servidores públicos a se deslocarem para a nova capital, há décadas atrás.
Olhando pela janela essa aparente igualdade e sabendo o que acontece nos subterrâneos - e já nem tão "subterrâneos" - do poder, é mais forte a certeza de que alguns são mais "iguais" do que os demais.
Felizmente hoje à noite já volto para casa.É sempre desconfortável a certeza das nossas piores certezas.
Fui.