O reflexo da lua na poça de água na rua escura, um resto de chuva caindo pela biqueira dos telhados, uma falta de sono justificável pela dormida à tarde, uma inquietação que o leite quente com açúcar e canela não acalmou.
Uma música toca dentro da cabeça ...é, a gente quer valer o nosso amor... e eu não me furto o prazer de lembrar quando essa música fez muito sentido. Gonzaguinha. Uma ave abatida em pleno vôo.
A memória arquiva determinadas sensações e elas retornam aparentemente sem fazer sentido. A súbita re-lembrança fica vagando junto com a música.
A precisão de precisar, necessitar - me leva a parar por um instante e tentar entender porque hoje, terminado o domingo de Páscoa, lembro dessa música e das situações em que ela era pano de fundo.
Sigo nesse exercício e induzo meu raciocínio. A notícia do pai que esqueceu o filho dentro do carro num estacionamento, e no final da tarde o encontrou morto, me incomodou tanto!. Tenho certeza de que ele jamais se recuperará disso e quis compreender as razões que o levaram a esquecer de deixar o filho na creche e a correr para o trabalho, com o bebê sentado, quietinho e esquecido, no banco traseiro.
Talvez porque esse é um tempo em que a vida e o amor não se sobrepõem a nada.
É. "A gente quer valer o nosso amor... " Deve ser isso.