" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

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Abr 06

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“A Polícia Federal prendeu, ontem pela manhã, Manoel Cardoso Neto, o 'Nelito'. Ele é acusado de ser o mandante do assassinato do advogado Gabriel Sales Pimenta, ocorrido em 18 de julho de 1982, em Marabá, no sul do Pará. A detenção, por volta das 7h30, aconteceu na fazenda Rio Rancho, na cidade de Pitangui, no Estado de Minas Gerais. Desde 2002 ele era considerado foragido da Justiça de Marabá. O acusado é irmão do ex-governador de Minas Gerais, Newton Cardoso.

Em nota enviada à imprensa, a PF informou que a operação para a captura de 'Nelito' durou aproximadamente dois meses e envolveu agentes da Polícia Federal do Pará, Bahia e Minas Gerais. O então juiz da 4ª Vara Penal de Marabá, Marcus Alan de Melo Gomes, decretou, em 2002, a prisão preventiva de 'Nelito'. Gabriel Pimenta foi assassinado, pelas costas, com três tiros de revólver, disparados à curta distância. Segundo a PF, o autor dos disparos foi o pistoleiro de aluguel José Crescêncio de Oliveira, contratado pelo chefe de pistolagem José Pereira da Nóbrega, o 'Marinheiro' - este já falecido - e tido como sócio de Nelito.

Gabriel Sales Pimenta era envolvido na luta dos camponeses da vila de Pau Seco pela posse da terra. Lá viviam, há anos, 158 famílias de camponeses. 'Nelito' pretendia a área. Para isso, diz a Polícia Federal, conseguiu uma liminar de reintegração de posse. Mas o advogado, em apoio à organização e à luta dos camponeses, fez com que a liminar fosse revogada, por meio de um mandado de segurança. Ele também exigiu que a própria Polícia Militar, que antes fizera o despejo dos camponeses, os reconduzisse de volta à Vila Pau Seco, onde estão até hoje.” (Jornal “O Liberal”, Belém, Pará, 03.04.2006)


É importante que isso tenha acontecido. Para que os mais jovens compreendam que o velho ditado “... a Justiça tarda, mas não falha...” faz algum sentido. Mesmo quando essa justiça cavalga uma mula manca durante 24 anos. Mesmo que os juízes que antecederam os Drs. Marcus Alan de Melo Gomes e Ricardo Felício Scaff, pudessem ter tomado as enérgicas providências para decretar a prisão do réu, há mais de duas décadas.


Para nós – Rosa, Daniel, Antonio Chico, Chicó, Ina, Deninha, Ireno, Juarez, Alcides, Alcidinho e outros companheiros daquela travessia – também faz diferença. Para sua mãe, irmãos, amigos, com certeza também faz. Mas fez muito mais no dia 18 de julho, quando você foi abatido a tiros.

 

Um beijo, companheiro.

 

publicado por Adelina Braglia às 17:59

Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

 

 (A gente vai continuar - Jorge Palma)


(roubado à Sotavento)
publicado por Adelina Braglia às 04:56

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